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    Cientistas encontram rota de migração usada à pé por homens primitivos

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    Pesquisadores identificaram 138 artefatos líticos em 10 sítios localizados em uma área de aproximadamente 200 km² na região de Ayvalık, no nordeste da Turquia, sugerindo que este local era um ponto de passagem de seres humanos primitivos que se deslocavam à pé entre a Anatólia (que hoje faz parte da Turquia) e o continente europeu. A descoberta foi publicada no Journal of Island and Coastal Archaeology na quarta-feira (17/9).

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    Entre os itens coletados há ferramentas da tecnologia Levallois — típica do Paleolítico Médio — além de machados manuais. Essas peças indicam uma diversidade tecnológica que se relaciona às tradições compartilhadas por populações da África, Ásia e Europa.

    Durante períodos glaciais, o nível do mar caiu mais de 100 metros, expondo planícies costeiras que hoje estão submersas. Nesse cenário, as ilhas e penínsulas que fazem parte de Ayvalık teriam estado conectadas à Anatólia continental, formando um corredor terrestre viável para migrações.

    Esse achado desafia a ideia de que os humanos antigos migraram para a Europa quase exclusivamente por rotas pelo Levante ou pelos Bálcãs, introduzindo Ayvalık como uma rota alternativa de dispersão.

    3 imagensConjunto de pedra do Paleolítico Médio encontrado em Ayvalık, na TurquiaFerramentas do tipo Levallois, usada por hominíneos há centenas de milhares de anosFechar modal.1 de 3

    Conjunto de artefatos líticos que revela Ayvalık como rota de migração humana para a Europa

    Kadriye, Göknur e Hande2 de 3

    Conjunto de pedra do Paleolítico Médio encontrado em Ayvalık, na Turquia

    Kadriye, Göknur e Hande3 de 3

    Ferramentas do tipo Levallois, usada por hominíneos há centenas de milhares de anos

    Kadriye, Göknur e Hande

    A região, até então pouco estudada para o paleolítico, mostra evidências de uso consistente da rota por hominíneos, adaptados a diferentes ambientes costeiros e com domínio de matérias-primas como sílex e calcedônia.

    A expedição foi uma pesquisa de superfície realizada em junho de 2022. Embora não tenha sido uma escavação aprofundada, permitiu documentar a presença humana no local por meio da observação direta de artefatos, com dificuldades associadas à cobertura lamacenta de alguns terrenos e às condições de preservação litorânea.

    Os autores sugerem que futuras investigações adotem uma abordagem multidisciplinar, com escavações estratigráficas, datação absoluta e reconstruções paleoambientais, para determinar precisamente quando esses artefatos foram utilizados e como as pessoas viviam nessa região durante o Pleistoceno.

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