Depois de anos de tentativas, pesquisadores conseguiram reconstruir um crânio humano de um milhão de anos escavado na China em 1990. Descoberto em um sítio arqueológico na província de Hubei, o fóssil batizado de Yunxian 2 pode ter pertencido a um parente próximo aos Denisovanos.
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Os resultados sobre a reconstrução do Yunxian 2 foram publicados na revista científica Science nesta quinta-feira (25/9) e mostram que os Homo sapiens conviveram com outros clados por mais tempo do que se imaginava.
Por décadas, acreditava-se que o crânio pertencia ao Homo erectus, porém a análise mais recente alterou a percepção dos especialistas. Na verdade, eles teriam características mais parecidas com as do Homo longi (também chamado de Homem-Dragão), descoberto na China em 2021, e pertencente aos Denisovanos, um grupo misterioso de humanos que desapareceu há quase 30 mil anos.
O Yunxian 2 foi encontrado deformado e esmagado, obrigando os pesquisadores a reconstruí-lo através de uma tomografia computadorizada (TC). Foi identificada uma grande capacidade craniana, osso frontal longo e baixo e espaço estreito entre as órbitas oculares – olhos próximos. Essa combinação diferente de atributos é pertencente ao clado Homo longi.
“Esse clado durou mais de um milhão de anos. Mas o mesmo aconteceu com as linhagens Neandertal e Sapiens” explica o coautor do artigo, Chris Stringer, paleoantropólogo do Museu de História Natural de Londres, na Inglaterra, em entrevista ao portal Live Science.
Como isso impacta a evolução humana?
Baseados em dados estatísticos de 57 crânios fósseis, pesquisadores estimaram que os principais grupos humanos se separaram de um ancestral comum. Primeiramente, foram os neandertais há quase 1,38 milhão de anos. Em seguida, o clado H. longi, há cerca de 1,2 milhão de anos e, por fim, o H. sapiens há aproximadamente 1,02 milhão de anos.
O período relativamente curto revela que várias linhagens humanas surgiram praticamente ao mesmo tempo.
“Eles viviam em populações pequenas e relativamente isoladas e se adaptaram a diversos paleoambientes”, avalia o coautor do estudo, Xijun Ni, paleoantropólogo da Academia Chinesa de Ciências. A hipótese seria de que as mudanças climáticas severas forçaram adaptações rápidas e até extinções à época.
Novos estudos serão necessários para confirmar de fato a origem do crânio e como isso altera a linha do tempo da evolução humana.
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