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De boné do Trump a ditadura do STF: a guinada bolsonarista de Tarcísio

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De boné do Trump a ditadura do STF: a guinada bolsonarista de Tarcísio

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), fez, no último domingo (7/9), seu discurso mais duro contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal que pode resultar na condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta semana por tentativa de golpe de Estado.

Ao afirmar, no ato pró-anistia na Avenida Paulista, que a postura de Moraes representa uma “tirania” e, de forma indireta, classificar o ministro do STF como um ditador, Tarcísio surpreendeu parte do mundo político ao escalar o tom das críticas à Corte.

Ao longo de seu mandato e após a inelegibilidade de Jair Bolsonaro, em junho de 2023, Tarcísio sempre foi visto entre aliados como uma das figuras mais moderadas no entorno do ex-presidente, servindo como espécie de ponte entre o bolsonarismo e o STF.

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O próprio governador defendia a interlocutores que essa postura mais apaziguadora poderia ser mais útil do que escalar o embate. Enquanto esse comportamento agradava aos partidos do Centrão e ao mercado, o núcleo mais raiz dos apoiadores do clã Bolsonaro considerava o governador pouco radical para ser o sucessor do ex-presidente nas urnas em 2026.

Em 2025, no entanto, Tarcísio passou a dar alguns sinais de que estaria disposto a radicalizar com o intuito de alcançar a confiança do bolsonarismo, culminando na última semana com a entrada do governador na articulação pela anistia e no discurso anti-Moraes, principal rival político do clã Bolsonaro.

Veja abaixo uma cronologia da escalada bolsonarista de Tarcísio:

Exaltação a Trump

A posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, no início de 2025, foi exaltada por Tarcísio, em sintonia com o apoio dado pela família Bolsonaro ao republicano. No dia 20 de janeiro, o governador fez duas postagens nas redes sociais exaltando a posse de Trump.

“A segunda-feira tá diferente! Animados por aí? Boa semana a todos!”, escreveu Tarcísio no X (antigo Twitter) por volta de 9h40 desta segunda, em uma legenda para a publicação de um vídeo do momento em que Trump dançou “YMCA” com o grupo Village People em um evento.

No mesmo dia, o governador postou um vídeo usando o boné com a mensagem “Make America Great Again”, principal bordão de campanha do republicano, em que dizia “grande dia”.

Meses depois, após o anúncio do tarifaço de Trump contra os produtos brasileiros, a imagem de Tarcísio vestindo o acessório e exaltando o americano foi amplamente explorada pela esquerda.

Após evitar criticar o republicano no primeiro momento, Tarcísio passou a agir como um negociador para contornar os impactos do tarifaço, como forma de diminuir as críticas de que estaria sendo “subserviente” aos interesses da potência estrangeira.

O movimento, por outro lado, gerou críticas do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), para quem o governador deveria ter como premissa para negociar a anistia ao pai.

Trama golpista e defesa de Bolsonaro

Em 19 de fevereiro, Tarcísio saiu em defesa de Bolsonaro após o ex-presidente ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

O governador negou a participação do ex-chefe em uma tentativa de golpe de Estado. Em seu perfil no Instagram, Tarcísio disse que Bolsonaro “jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do estado democrático de direito”.

Em maio, Tarcísio depôs ao STF como testemunha de defesa de Bolsonaro no âmbito do inquérito da trama golpista. 

No mesmo mês, o governador paulista reagiu a uma suposta articulação feita pelo ex-presidente Michel Temer (MDB), em que o emedebista buscava uma alternativa de centro-direita em 2026, como forma de se contrapor a Lula e Bolsonaro. Em Nova York, Tarcísio disse que não existe direita sem Bolsonaro.

Em julho, Tarcísio publicou uma mensagem nas redes sociais em que defendeu Bolsonaro após Alexandre de Moraes determinar o uso de tornozeleira pelo ex-presidente.

“Não haverá paz social sem paz política, sem visão de longo prazo, sem eleições livres, justas e competitivas. A sucessão de erros que estamos vendo acontecer afasta o Brasil do seu caminho”, escreveu.

O trecho em que Tarcísio cita a necessidade de “eleições livres, justas e competitivas” não foi bem digerido nem mesmo por ministros do STF que mantêm diálogo próximo com o governador.

Outra fala recente que foi interpretada como parte da escalada bolsonarista de Tarcísio entre aliados e a esquerda foi quando o governador afirmou, em entrevista a um jornal do ABC Paulista, que daria indulto a Bolsonaro como o primeiro ato caso seja eleito Presidente da República.

Na mesma entrevista, Tarcísio disse não confiar na Justiça e não ver elementos para a condenação de Bolsonaro.

Atos bolsonaristas

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