Portal Estado do Acre Notícias

De cachorro no sling a passeio de casal: patinetes viram febre em SP

de-cachorro-no-sling-a-passeio-de-casal:-patinetes-viram-febre-em-sp

De cachorro no sling a passeio de casal: patinetes viram febre em SP

Já são quase 5.000 patinetes na capital paulista e é impossível não cruzar com uma delas em bairros como Pinheiros e Vila Mariana, onde viraram febre. Entre elogios e críticas, muitos têm usado esse modo de transporte tanto para se deslocar no caminho para o trabalho quanto nos momentos de lazer. Vale tudo, desde passeio romântico até voltinha com cachorro. Mas a fiscalização sobre o cumprimento das regras ainda é precária.

Em dezembro, a Prefeitura de São Paulo liberou o retorno do aluguel de patinetes, serviço que estava fora das ruas desde a pandemia. Para isso, estabeleceu uma série de regras. Basicamente, só podem circular por ciclofaixas, ciclovias e em vias com velocidade máxima de 40 km/h. É proibido trafegar na calçada e com mais de uma pessoa. O uso é vetado para menores de 18 anos.

15 imagensFechar modal.1 de 15

O casal Kétria Azevedo e Valdir Júnior na Paulista

William Cardoso/Metrópoles2 de 15

Patinete na Faria Lima

William Cardoso/Metrópoles3 de 15

Patinete na Faria Lima

William Cardoso/Metrópoles4 de 15

Paloma Vieira, com a cachorrinha Charlote

William Cardoso/Metrópoles5 de 15

Patinete na Faria Lima

William Cardoso/Metrópoles6 de 15

Patinete na Faria Lima

William Cardoso/Metrópoles7 de 15

Patinete na Faria Lima

William Cardoso/Metrópoles8 de 15

Patinete na Faria Lima

William Cardoso/Metrópoles9 de 15

Patinete na Faria Lima

William Cardoso/Metrópoles10 de 15

Patinetes na Rua Francisco Cruz, na Vila Mariana, em São Paulo

William Cardoso/Metrópoles11 de 15

Patinete na Avenida Paulista

William Cardoso/Metrópoles12 de 15

Patinete na Avenida Paulista

William Cardoso/Metrópoles13 de 15

Patinete na Avenida Paulista

William Cardoso/Metrópoles14 de 15

Patinetes na Avenida Paulista, em São Paulo

William Cardoso/Metrópoles15 de 15

Patinete na Faria Lima

William Cardoso/Metrópoles

Na prática, basta circular pelas ruas para perceber que as regras nem sempre são cumpridas. E funcionários das duas empresas autorizadas a operar as patinetes em São Paulo, a Jet e a Whoosh, dizem não ter como cobrar usuários que desrespeitam a regulamentação da prefeitura.

Mesmo sendo uma decisão lógica, baseada na segurança, a proibição de andar nas calçadas, por exemplo, entra em conflito com uma questão financeira (o custo do aluguel por minuto varia de acordo com o plano escolhido, mas ficava na sexta entre R$ 0,39 e R$ 1,09).

Por exemplo, na altura do 119 da Avenida Paulista há um ponto de estacionamento. Se a pessoa ativar a locação do patinete naquele local e empurrar a pé, como manda a regra, até a faixa de pedestre mais próxima que leva à ciclovia, gastará ao menos dois minutos, o equivalente a R$ 1,50 em média.

Também há quem queira passear de patinete com os filhos ou companheiros, o que é vetado pela regra.

Passeio romântico e com pet

O casal Ketria Azevedo, de 19 anos, e Valdir Júnior, 21, afirma que foram os funcionários da Jet que recomendaram que andassem em dupla na patinete. “Os próprios instrutores falaram que poderíamos ir os dois. A polícia também não fala nada”, diz Ketria.

Valdir diz que já andou também pela calçada, bem à noite, sem ser incomodado. “Ninguém fala nada, não reclama”, afirma.

A vontade de andar de patinete em dupla veio da curiosidade de ambos. “A gente veio no fim de semana, viu bastante gente pegando. Daí quisemos também”, afirma Ketria. “A gente andou a Paulista inteira umas três, quatro vezes. Ir a pé seria muito cansativo”, diz Valdir, que cita também o preço como uma vantagem.

Leia também

A reportagem encontrou também que tem usado patinetes para passar até mesmo com a cachorrinha. Funcionária do setor administrativo de uma empresa, Paloma Marcondes Vieira, 42 anos, leva a pequena Charlote em um sling, no colo. “Ela adora carro, mas aqui na Paulista eu não ando de carro. Por que não tentar patinete? E ela adorou. Vai quietinha. Vai que é uma beleza”, afirma.

Paloma diz que patinetes são uma boa solução para tirar carros das ruas e conta que usava até para ir ao trabalho, mas que uma mudança recente tem alterado esse comportamento. “Ia e voltava de patinete, mas agora eles tiraram muitos dos pontos”, afirma.

Mudança nos pontos

De fato, na última semana, muitos usuários foram pegos de surpresa com a redução dos pontos de estacionamento das patinetes. A administração municipal diz que a Jet “foi notificada a extinguir estações de compartilhamento instaladas em locais privados sem credenciamento “.

Na região da Avenida Brigadeiro Faria Lima, por exemplo, não havia na sexta-feira (5/9) como parar as patinetes azuis, da Jet, nas proximidades da estação de metrô que leva o nome da via. As estações são pontos estratégicos, que casam com o objetivo das empresas de tornarem esse tipo de veículo um facilitador da “última milha”, o trecho que geralmente as pessoas fazem andando entre o trabalho e o transporte coletivo.

Sobrou apenas um local de estacionamento nas proximidades da Avenida Cidade Jardim. O resultado foi um predomínio das patinetes amarelas, da Whoosh, em toda região.

Atualmente, a Jet tem autorização para deixar patinetes estacionadas em 269 estações, enquanto a Whoosh tem outras 168. Ao todo, as duas empresas contam com 4.881 patinetes na capital paulista.

Perfil

O perfil de quem usa as patinetes tem uma pequena variação entre as duas empresas que operam o serviço em São Paulo.

A Whoosh afirma que o usuário em São Paulo tem entre 25 e 45 anos e tem um tempo aproximado de viagem de 15 minutos. Segundo a empresa, 40% das viagens são realizadas na rotina diária, não apenas por lazer.

A Jet diz que a idade média de seus clientes é de 18 a 35 anos, com tempo médio de viagem de 11 minutos. A empresa afirma que os horários de pico são os períodos da manhã e noite dos dias úteis, quando as pessoas vão para o trabalho ou escola. Já nos fins de semana as viagens são mais longas. Também diz que 35% utilizam o serviço regularmente com uma assinatura.

Acidentes

Os bombeiros atenderam 44 pessoas que se acidentaram ao usar patinetes na capital paulista neste ano. Em 2024, no mesmo período, quando a locação ainda não estava disponível, foram 14 casos.

A prefeitura diz que não tem dados específicos sobre patinetes, porque utiliza uma metodologia que foca “na condição apresentada pelo paciente e não na causa do evento”.

A Whoosh diz que, desde o início do serviço, recebeu apenas quatro acionamentos de seguro desde o início da operação em São Paulo. No Brasil, a empresa diz que acidentes representam 0,004% das 6,5 milhões de viagens realizadas.

A Jet afirma que registra “cerca de 1 sinistro para cada 100.000 viagens”.

O que dizem empresas e prefeitura

A prefeitura afirma que  as operadoras de patinetes devem garantir o uso correto dos equipamentos com georreferenciamento, equipes de campo, canais de denúncia e campanhas educativas. “O descumprimento das regras pode gerar penalidades para empresas. Os usuários podem ser bloqueados ou banidos pelas empresas”, diz.

A administração municipal também afirma que a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) “realiza o monitoramento e orienta os usuários sobre a circulação de equipamentos de mobilidade individual autopropelidos, conforme prevê a legislação vigente”.

A prefeitura diz que o Comitê Municipal de Uso do Viário (CMUV)  fez oito notificações às empresas. “Cada uma delas recebeu três advertências para que garantam o cumprimento das regras previstas na legislação, tanto em relação à circulação de patinetes com segurança quanto sobre necessidade de devolução dos equipamentos somente nas estações de compartilhamento”, diz.

A EasyJet, nome oficial da Jet, também foi notificada a extinguir estações de compartilhamento instaladas em locais privados sem credenciamento junto à Prefeitura. “Também foi aberto procedimento para aplicação de multa à EasyJet por descumprimento de regra referente à velocidade máxima dos patinetes nas 10 primeiras viagens, ainda no prazo de defesa”, diz a prefeitura.

A Whoosh diz que faz uma comunicação ativa sobre regras de segurança e trabalha em parceria com autoridades públicas para monitorar o uso de patinetes, contando também com canais de denúncia sobre uso indevido.

A empresa afirma que realiza também ações educativas e suporte aos usuários.

Em São Paulo, a Whoosh diz que já bloqueou 1.800 usuários por infrações e pelo não cumprimento de normas de segurança.

A Jet afirma que tem uma equipe de monitoramento que alerta e orienta os usuários em diferentes pontos da cidade sobre as regras de trânsito para evitar comportamentos imprudentes. Também desenvolve ações preventivas, “além de exibir reels das regras de trânsito no início de cada viagem dos paulistanos”.

A empresa afirma também que mantém um sistema de pontuação no aplicativo em que o usuário pode acompanhar o cumprimento dos critérios e o modo de condução segura, “a fim de estimular a observância do bem-estar da população”.

Veja as regras

Sair da versão mobile