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De Che Guevara a golpe: derrapadas de Valdemar irritam bolsonaristas

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De Che Guevara a golpe: derrapadas de Valdemar irritam bolsonaristas

As declarações de Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, vêm desgastando a direita bolsonarista nas últimas semanas e a irritação atingiu o ápice após o dirigente admitir, durante um evento no sábado (13/9), que “houve um planejamento de golpe” no Brasil, mas que como ele não foi efetivado não seria crime.

Embora a maioria das reações tenha ocorrido nos bastidores, a fala que vai contra a argumentação de Jair Bolsonaro (PL) de que agiu “dentro das quatro linhas” gerou críticas pesadas e públicas de pessoas próximas ao ex-presidente. A fala, porém, não é isolada. Entre as pérolas do presidente do PL, teve até comparação de Bolsonaro com o líder revolucionário de esquerda Ernesto Che Guevara.

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Valdemar compara Bolsonaro a Che Guevara

VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto e divulgação 2 de 10

Trump e Valdemar Costa Neto

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O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o ex-candidato à Presidência do PRTB Padre Kelmon, na Avenida Paulista.

Danilo M. Yoshioka/Metrópoles4 de 10

Valdemar da Costa Neto, Silas Malafaia e Tarcísio de Freitas conversam durante manifestação bolsonarista na Avenida Paulista

Sam Pancher/Metrópoles5 de 10

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto

KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo6 de 10

O presidente do PSD, Gilberto Kassab, e o cacique do PL Valdemar Costa Neto

Reprodução/Redes Sociais7 de 10

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, em manifestação convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em Copacabana

BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto8 de 10

Valdemar Costa Neto, presidente do PL, deve voltar às urnas em 2026

FOTO: BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto9 de 10

Valdemar Costa Neto também é aliado do ex-presidente

KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo10 de 10

Bolsonaro e Valdemar Costa Neto foram almoçar com integrantes do PL em churrascaria de Brasília

FOTO: BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto

Um deputado bolsonarista classificou a última fala de Valdemar como “um desastre”. “Mostra bem que ele e a ala dele no partido não são, nem nunca foram, de direita ou bolsonaristas, são só oportunistas em busca de fundo partidário as custas dos votos da direita”, disse ao Metrópoles reservadamente.

Uma das reações mais duras foi a do ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo Bolsonaro, Fabio Wajngarten. “Houve planejamento de golpe? Se sim, por quem? Alguém financiou? Não é possível mais ouvirmos e nos calarmos. Chega”, escreveu em suas redes no dia da declaração de Valdemar.

A polêmica fala de Valdemar aconteceu em um painel em Itu, no interior paulista. “Houve um planejamento de golpe, mas nunca teve o golpe efetivamente. No Brasil a lei diz o seguinte: ‘se você planejar um assassinato, mas não fez nada, não tentou, não é crime’. O golpe não foi crime. O grande problema nosso é que teve aquela bagunça no 8 de Janeiro e o Supremo diz que aquilo foi golpe. Olha só, que absurdo, camarada com pedaço de pau, um bando de pé de chinelo quebrando lá na frente e eles falam que aquilo é golpe”, disse Valdemar.

Na mesma ocasião, ele também destoou de bolsonaristas sobre a sentença da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que condenou, por 4 a 1, Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, entre outros crimes. “O Supremo decidiu, nós temos que respeitar”, disse Valdemar.

No dia seguinte, Valdemar afirmou à coluna Igor Gadelha que falou “com uma condicionante”.”Se tivesse, imagine que tivesse, vamos supor que tivesse… Foi no campo do imaginário”, afirmou o presidente nacional do PL.

Outro bolsonarista que reagiu à fala de Valdemar foi o influencer Paulo Figueiredo, aliado do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) na busca de sanções dos Estados Unidos como um meio de pressionar pela anistia ao ex-presidente. “Como eu sempre digo: não estamos nesta merda de dar gosto à toa”, afirmou.

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Che Guevara, Trump e Eduardo

Essa não foi a primeira vez que Valdemar teve de se explicar nas últimas semanas. No fim de agosto, durante outro evento, ele comparou Bolsonaro a Che Guevara, um dos maiores símbolos da esquerda revolucionária e exemplo frequente na direita de uma figura radical.

“Estão transformando o Bolsonaro em um Che Guevara. Quero dizer, não com o que o Che Guevara fez, porque ele era de esquerda, mas no prestígio que ele tinha. Porque ele tinha um carisma tão grande que o Fidel teve que ficar livre dele em Cuba, porque ele atrapalhava a vida do Fidel”, afirmou.

Depois de receber críticas pela declaração, Valdemar foi às redes para dizer que não era bem assim. Afirmou que nunca comparou as duas figuras políticas, até pelo fato de Che Guevara ser de esquerda, mas sim o processo de mitificação dos dois. “Reafirmo: estão transformando Bolsonaro em um mártir, um mito ainda maior do que já e”, disse Valdemar na publicação.

A frase fez a festa da esquerda, que, inclusive, postou memes de Bolsonaro com a tradicional boina do guerrilheiro argentino.

No mesmo dia, Valdemar também afirmou que o deputado Eduardo Bolsonaro (PL) está “trabalhando para o pai” nos Estados Unidos.

“[O Eduardo] luta lá porque ele vê a situação do pai dele. O Bolsonaro tem um problema de saúde sério, ele não passa bem, é evidente que não, fica abatido. Tenho certeza que ele está trabalhando para o pai e que ele não é o autor do tarifaço. Isso é do Trump. Tenho certeza que ele não se envolveu em assunto desse. Nem passou pela cabeça dele”, afirmou.

A afirmação de que Eduardo está nos Estados Unidos “trabalhando para o pai” contradiz declarações do próprio deputado, que já afirmou que está fora do país para lutar pela liberdade de expressão e denunciar as violações de direitos humanos no Brasil. O filho do ex-presidente também tem dito que não é o culpado pelas sanções do governo de Donald Trump contra o Brasil.

Embora as sanções promovidas pelos EUA tenham impulsionado a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Valdemar também fez fala que pode ser vista como um endosso a ele.

“A única chance que nós temos é o Trump. Na minha opinião, ele vai continuar com as sanções. É um camarada decidido e quer o Brasil em um caminho bom. Tem preocupação de o Brasil virar um país de esquerda e ele não quer. Vê a pressão que ele já está fazendo contra a Venezuela. Ele não vai abandonar”, disse.

Recuo na expulsão de quem defendeu Moraes

Por ser de uma ala do PL que já apoiou até Lula em governos passados, Valdemar é visto com desconfiança por bolsonaristas. Recentemente, um outro episódio não o ajudou nesta situação.

Em um aceno aos bolsonaristas, em 31 de julho, Valdemar anunciou que iria expulsar sumariamente Antonio Carlos Rodrigues do PL após o deputado dar uma entrevista ao Metrópoles defendendo Moraes e criticando Trump.

Em setembro, porém, a direção do PL recuou da decisão de expulsar o deputado. O conselho de ética julgou que Rodrigues “agiu dentro dos limites do direito à liberdade de expressão” e entendeu que a manifestação do parlamentar “está protegida pela Constituição Federal”.

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