O advogado do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, Eumar Novacki, afirmou, em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), que a Procuradoria-Geral da República (PGR) faltou com a verdade ao mencionar a participação do ex-ministro na trama golpista.
Eumar declarou que o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou inverdades numa tentativa de induzir os ministros ao erro, citando, por exemplo, a apresentação de um bilhete de passagens de Torres em 21 de novembro de 2022 — que, segundo a PGR, teria sido falsificado para justificar uma fuga, omissão do ex-ministro e ex-secretário do DF durante os atos de 8 de janeiro.
“Nesta data, nem sequer havia qualquer relação aos atos de 8 de janeiro”, disse Eumar, sustentando que a viagem não tinha fins de “fuga”.
Para a defesa, a inverdade apontada pela PGR foi afirmar que a viagem teria sido uma forma de abandonar o DF na véspera do 8 de janeiro, o que, segundo Eumar, não procede, porque na época sequer se cogitava os atos. O advogado mostrou slide para sustentar que a viagem estava programada desde novembro de 2022 com a família a Orlando (EUA).
“O objetivo era confundir a população. Tirar o foco das provas do processo. Uma tentativa de levar os julgadores a erro. O MP tinha consciência de que toda a tese acusatória se baseava numa fuga para os Estados Unidos. Nós conseguimos provar que, na verdade, era uma viagem de férias com a família”, afirmou Eumar.
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“Mancha na história do Brasil”
O advogado salientou, no início da sustentação oral, que os atos de 8 de janeiro são vergonhosos e representam uma “mancha na história do Brasil”.
“Esse julgamento não se confunde com vingança, trata-se de Justiça”, disse. “Pede-se a aplicação da lei. Que os que têm culpa sejam responsabilizados, com amparo nas provas. O STF deve cumprir com sua fiel missão de guardador da Constituição, sem se curvar a pressões internas e externas”, completou Eumar.