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Delegacias e quartéis de SP registram sumiço de arsenal todos os anos

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Delegacias e quartéis de SP registram sumiço de arsenal todos os anos

Um verdadeiro arsenal desaparece de delegacias e quartéis do estado de São Paulo todos anos e, em alguns casos, vai parar na mão do crime organizado. Nos últimos dez anos, foram 357 casos, alguns deles envolvendo dezenas de armas furtadas, roubadas ou extraviadas.

As armas que somem das repartições públicas vão de simples revólveres até metralhadoras, de acordo com dados obtidos via Lei de Acesso à Informação junto à Secretaria da Segurança Pública (SSP).

Embora o arquivo oficial não traga o número exato de armas, a análise dos boletins mostra que, desde 2023, pelo menos 100 desapareceram das unidades.

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Em março deste ano, em apenas um dos casos, os criminosos arrombaram um cofre de uma delegacia em Sorocaba, no interior do estado, e levaram 16 armas. O arsenal levado da delegacia incluía um fuzil e uma espingarda, além de revólveres e pistolas.

A invasão à delegacia aconteceu durante a madrugada. Os policiais só notaram o ocorrido no dia seguinte, quando encontraram a porta da repartição e o cofre arrombados.

Quartéis, delegacias e postos da GCM

Neste ano, foram identificados 10 casos de furtos ou extravios de armas — quatro em delegacias e os demais em quartéis da Polícia Militar e bases da Guarda Civil. Em 2023, houve 18 registros, e em 2024, outros 12. O pico da última década ocorreu em 2016, quando 70 ocorrências foram contabilizadas.

Um dos casos neste ano aconteceu em uma base da Guarda Civil de Carapicuíba, no Jardim das Belezas. De acordo com o boletim de ocorrência, um guarda municipal deixou a arma em seu armário, enquanto tomava um banho. Quando retornou, segundo o relato, a pistola calibre 380 havia sumido, sem sinal de quem teria furtado o objeto. Em outro caso, uma arma desapareceu de uma companhia da PM no largo Coração de Jesus, na região da Luz, no centro de SP.

Em parte dos casos, como o de Sorocaba, em que um suspeito foi preso, a polícia consegue recuperar as armas. Em outros, como os de Carapicuíba e do centro da capital, elas desaparecem. Muitas vezes, esses armamentos acabam nas mãos do crime organizado.

Arsenal de Guerra

A reportagem analisou os 357 casos e encontrou armas de grande calibre, como: metralhadoras, submetralhadoras e fuzis. Entre eles, estavam modelos de calibres variados — como 5.56, 7.62 e até 480 — de marcas como: Colt, Imbel e Kalashnikov. Já entre as submetralhadoras, destacaram-se exemplares de calibre .40, 9 mm e 7.65, fabricados por Taurus, Beretta, Puma e Interdyman. Também houve o registro de metralhadoras, incluindo uma 9 mm da Beretta e outra sem marca definida.

Em 2023, em apenas um dos casos, 21 metralhadoras foram subtraídas do Arsenal de Guerra de São Paulo, em Barueri  — 13 calibre ponto 50, capazes de derrubar aeronaves, e oito de calibre 7,62, que atravessam veículos blindados. O furto ocorreu entre os dias 5 e 8 de setembro e só foi percebido mais de um mês depois, durante inspeção no quartel.

As investigações apontaram a participação de militares e civis, que se tornaram réus, e revelaram que parte do arsenal chegou a ser oferecida ao Comando Vermelho. A facção, no entanto, recusou as armas. Até fevereiro do ano passado, 19 metralhadoras haviam sido recuperadas em operações no Rio de Janeiro e no interior de São Paulo, restando duas ponto 50 sem localização.

O que diz a SSP

A Secretaria da Segurança da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que “todos os casos de furto, roubo ou extravio de armas em suas unidades policiais são rigorosamente apurados pelas Corregedorias da Polícia Civil e da Polícia Militar com a adoção das medidas administrativas e criminais cabíveis, conforme a legislação vigente, para identificar responsabilidades e evitar novas ocorrências”.

Segundo a pasta, as delegacias e batalhões contam com protocolos de controle e fiscalização rigorosos, com aprimoramento constante quando falhas são constatadas.

A SSP afirmou que o caso de Sorocaba já foi resolvido com um preso. Já a ocorrência de Carapicuíba é investigada pelo 1º Distrito Policial daquela cidade e o caso envolvendo a PM paulista foi encaminhado ao comando da companhia para investigação.

“Cabe destacar que, no período mencionado [desde 2023, na gestão de Tarcísio], o número de armas subtraídas em repartições públicas representa menos de 1% do total apreendido pelas polícias paulistas. Essas ocorrências são pontuais diante da ampla atuação das forças de segurança, que já retiraram mais de 34 mil armas de fogo das mãos de criminosos na atual gestão”, afirmou a nota da SSP. A pasta não detalhou os números de armas desaparecidas e nem mesmo as de apreendidas.

 

 

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