As operações Bandeirante e Zargun, deflagradas nesta quarta-feira (3/9) pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco-RJ), apontou conexões diretas entre o deputado estadual Tiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Jóias (MDB), e Edgar Alves de Andrade (foto em destaque), o “Doca”, um dos chefes mais influentes do Comando Vermelho (CV).
Os policiais cumprem 18 mandados de prisão preventiva e 22 de busca e apreensão, expedidos pela Justiça Federal e Estadual. O Tribunal Regional Federal da 2ª Região também determinou o sequestro de bens e valores dos investigados, totalizando R$ 40 milhões, além do afastamento de agentes públicos, suspensão de atividades de empresas utilizadas para lavagem de dinheiro e transferência emergencial de lideranças da facção para presídios federais de segurança máxima.
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As investigações identificaram um esquema de corrupção envolvendo a liderança da facção no Complexo do Alemão e agentes políticos e públicos, incluindo um delegado da PF, policiais militares, ex-secretário municipal e estadual e um deputado estadual empossado em 2024.
De acordo com as investigações, o parlamentar utilizava seu mandato para intermediar interesses da facção, atuando na compra e venda de drogas, fuzis e até equipamentos antidrones destinados ao Complexo do Alemão, área de domínio da organização.
Além de Doca, a coluna apurou que figuram como alvos da operação outros líderes históricos do CV, como Gabriel Dias de Oliveira, o “Índio do Lixão”, e Luciano Martiniano da Silva, o “Pezão”.
O Ministério Público aponta que TH Jóias oferecia proteção institucional e influência política em troca de favores e participação nos lucros do esquema.
O deputado estadual Thiego Santos
Entre os envolvidos também estão Manoel Cinquine Pereira, o “Paulista”, e Luiz Eduardo Cunha Gonçalves, o “Dudu”, assessor nomeado diretamente pelo deputado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Até a esposa de “Índio do Lixão” foi lotada em cargo parlamentar por indicação de TH Jóias.
Lavagem de dinheiro
As apurações identificaram ainda movimentações financeiras suspeitas em empresas ligadas ao deputado. Segundo a Polícia Federal, sucessivos alertas do sistema bancário apontaram indícios de lavagem de dinheiro e movimentação patrimonial incompatível com a renda declarada.
O secretário de Polícia Civil do Rio, Felipe Curi, afirmou que o caso é emblemático: “Estamos diante de uma investigação que comprova a infiltração direta do crime organizado no parlamento fluminense. O deputado eleito para representar a sociedade colocou seu mandato a serviço da maior facção criminosa do Rio de Janeiro.”