O deputado estadual Tiego Raimundo dos Santos Silva (MDB), conhecido como TH Jóias, não compareceu à posse do secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro, Felipe Curi (foto em destaque), em setembro do ano passado. O gesto foi interpretado como um ato calculado, uma vez que Curi era o delegado da Delegacia de Combate às Drogas (DCOD) que, em 2017, prendeu o parlamentar, então apontado como “braço financeiro” de uma facção criminosa.
Na ocasião, o cerimonial do governador Cláudio Castro havia convidado todos os parlamentares da Alerj, mas TH Jóias preferiu se manter distante da solenidade, que ocorreu na Cidade da Polícia.
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Política e crime organizado
Agora, os dois voltaram a se cruzar, em cenário ainda mais grave. Na manhã desta quarta-feira (3/9), a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco-RJ), composta pela Polícia Federal, Polícia Civil e Ministério Público, deflagrou a Operação Bandeirante, que revelou provas robustas da ligação direta entre TH Jóias e a facção Comando Vermelho.
De acordo com as investigações, o parlamentar usava o mandato para intermediar a compra e venda de drogas, fuzis e até equipamentos antidrones destinados ao Complexo do Alemão.
Entre os alvos estão narcoterroristas de alta cúpula, um assessor parlamentar e até a esposa de um chefe do tráfico, nomeada para cargo na Alerj por indicação de TH Jóias. O esquema, segundo o inquérito, também movimentava empresas ligadas ao deputado em operações suspeitas de lavagem de dinheiro.
Curi reage
O secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, que agora volta a comandar uma ação contra o deputado, não poupou críticas.
“Estamos diante de uma investigação que comprova a infiltração direta do crime organizado dentro do parlamento fluminense. O deputado, eleito para representar a sociedade, colocou seu mandato a serviço da maior facção criminosa do Rio. Não haverá blindagem política: seja traficante armado na favela ou de terno na Assembleia, a resposta será a mesma.”