O dólar operava em leve baixa na manhã desta sexta-feira (26/9), em um dia no qual as atenções do mercado financeiro se dividem entre dados de inflação nos Estados Unidos, novas tarifas anunciadas pelo presidente norte-americano Donald Trump e o fim das tratativas em torno de uma possível fusão entre Gol e Azul.
Dólar
- Às 9h13, a moeda norte-americana recuava 0,13% e era negociada a R$ 5,356.
- Na véspera, o dólar terminou a sessão em alta de 0,69%, cotado a R$ 5,363.
- Com o resultado, a moeda dos EUA acumula perdas de 1,08% em setembro e de 13,21% em 2025 frente ao real.
Ibovespa
- As negociações do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), começam às 10 horas.
- No dia anterior, o indicador fechou o pregão em queda de 0,81%, aos 145,3 mil pontos.
- Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula ganhos de 2,75% no mês e de 20,8% no ano.
Trump anuncia novas tarifas
No último pregão desta semana, os investidores repercutem a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de impor novas tarifas de importação a partir do dia 1º de outubro. A medida abrange produtos farmacêuticos, caminhões pesados, móveis, além de armários de cozinha e gabinetes de banheiro.
Segundo o republicano, as taxas são para proteger a indústria americana da “inundação” de mercadorias estrangeiras e também têm justificativas ligadas à segurança nacional.
As tarifas anunciadas variam de 25% a 100%, conforme o setor. Para caminhões pesados, a taxa será de 25%. Já móveis e estofados terão cobrança de 30%, enquanto armários de cozinha, gabinetes de banheiro e itens similares ficarão sujeitos a 50%. No caso de produtos farmacêuticos, a tarifa chega ao teto de 100%.
A alíquota mais alta será aplicada sobre medicamentos de marca ou patenteados. Trump explicou que haverá uma exceção para empresas que estejam construindo fábricas nos EUA.
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Inflação do consumo
Ainda no cenário internacional, o mercado financeiro analisa dados do Índice de Preços de Gastos com Consumo (PCE, na sigla em inglês), a chamada “inflação do consumo” nos EUA.
Os dados são acompanhados com lupa pelos integrantes do Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) para definir a taxa básica de juros no país.
Após os dados fortes de emprego e a revisão da alta do Produto Interno Bruto (PIB) para 3,8% no segundo trimestre, a expectativa dos analistas agora se volta para os dados de inflação. Atualmente, a taxa de juros nos EUA está situada no intervalo entre 4% e 4,25% – na última reunião do Fed, ela foi cortada em 0,25 ponto percentual, na primeira queda neste ano.
Fim das negociações sobre fusão Gol-Azul
No cenário doméstico, o maior destaque do dia é a repercussão do fim das negociações entre as companhias aéreas Gol e Azul.
A decisão de encerrar as negociações para a fusão partiu da Abra Group Limited (Abra), controladora da Gol, que enviou uma comunicação a respeito do fato diretamente para a Azul.
Desde o início do ano, Gol e Azul vinham negociando uma possível fusão. Em janeiro, as companhias anunciaram um acordo para o início das tratativas.
Estimativas apontavam que a empresa resultante da eventual fusão responderia por cerca de 60% do mercado de aviação comercial do Brasil e teria o controle de quase 100 rotas em todo o país, praticamente sem concorrência – o que suscita questionamentos acerca da formação de um duopólio, quando apenas duas empresas possuem quase todo o mercado.
Juntas, as duas companhias contam com mais de 300 aeronaves e tiveram um faturamento de R$ 25,3 bilhões entre janeiro e setembro do ano passado.
De acordo com o memorando de entendimento entre Azul e Gol, a futura companhia seguiria o modelo de “corporation” – empresa sem controlador definido, tendo o grupo Abra como maior acionista.
A ideia era a de que as marcas Azul e Gol continuassem a existir de forma independente, mas as empresas compartilhassem aeronaves. A fusão envolveria apenas ativos já disponíveis, sem previsão de novos investimentos.
A aposta das duas empresas era na “complementaridade” de suas malhas aéreas. Enquanto a Gol se concentra em grandes capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, a Azul conta com um leque mais amplo pelo país.
Em junho deste ano, a Gol concluiu seu processo de recuperação judicial nos Estados Unidos. No fim de maio, a Azul também entrou com um pedido de recuperação nos EUA, que deve ser concluído até o início de 2026.