O dólar operava em alta na manhã desta sexta-feira (12/9), no dia seguinte à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de sete aliados por tentativa de golpe de Estado e ataque às instituições democráticas no país.
A condenação foi sacramentada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), na quinta-feira (11/9), por 4 votos a 1.
Os investidores monitoram possíveis reações do governo dos Estados Unidos, que já manifestou seu descontentamento com a condenação de Bolsonaro e pode aplicar novas sanções contra o Brasil e ministros da Suprema Corte.
Dólar
- Às 9h, a moeda norte-americana avançava 0,21% e era negociada a R$ 5,404.
- Na véspera, o dólar terminou a sessão em queda de 0,27%, cotado a R$ 5,392.
- Com o resultado, a moeda dos EUA acumula perdas de 0,55% no mês e de 12,75% no ano frente ao real.
Ibovespa
- As negociações do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), começam às 10 horas.
- No dia anterior, o indicador fechou o pregão em alta de 0,56%, aos 143,1 mil pontos, batendo seu recorde histórico de fechamento.
- Durante o pregão de quinta-feira, o Ibovespa bateu 144.012,50 pontos, nova máxima histórica intradiária.
- Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula ganhos de 1,22% em setembro e de 19,01% em 2025.
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Bolsonaro condenado
O noticiário político-jurídico doméstico segue chamando atenção dos investidores, que repercutem nesta sexta-feira a condenação de Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão, com cumprimento de pena inicialmente em regime fechado. É a primeira vez que um ex-presidente do Brasil é condenado por crimes contra a democracia.
Os ministros também definiram a dosimetria da pena dos demais réus. O réu delator, tenente-coronel Mauro Cid, foi sentenciado a 2 anos de detenção, mas em regime aberto.
Por fim, os ministros da Primeira Turma declararam a inelegibilidade dos condenados – com exceção de Mauro Cid – por 8 anos, seguindo a Lei da Ficha Limpa. O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) também foi condenado à perda de mandato.
Após o voto do ministro Luiz Fux, que discordou dos colegas de STF Alexandre de Moraes e Flávio Dino, os ministros Cármen Lúcia e Cristiano Zanin votaram e fecharam a condenação pelo placar de 4 a 1.
Com exceção de Fux, os demais ministros da Primeira Turma acataram a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) na íntegra e votaram por condenar os réus por organização criminosa armada; golpe de Estado; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; dano qualificado pela violência e grave ameaça contra patrimônio da União (exceto Alexandre Ramagem) e deterioração de patrimônio tombado (exceto Ramagem).
Temor por novas sanções de Trump
Para além da condenação de Bolsonaro, que já estava “precificada” pelo mercado financeiro, os investidores veem com preocupação as indicações da Casa Branca de que o governo dos EUA pode aplicar novas sanções políticas e econômicas contra o Brasil.
O governo do norte-americano Donald Trump, aliado de Bolsonaro, prometeu responder à condenação do ex-presidente brasileiro. O posicionamento foi divulgado pelo secretário de Estado e chefe da diplomacia norte-americana, Marco Rubio.
“As perseguições políticas do violador de direitos humanos sancionado Alexandre de Moraes continuam, já que ele e outros membros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram injustamente prender o ex-presidente Jair Bolsonaro”, escreveu o secretário de Estado dos EUA em uma publicação no X. “Os EUA responderão adequadamente a essa caça às bruxas.”
Atualmente, o ministro Alexandre de Mores, do STF, é sancionado com base na Lei Magnitsky. A legislação foi criada para punir autoridades internacionais acusadas de violações aos direitos humanos.
Além disso, oito ministros do STF, entre os quais Moraes, tiveram seus vistos norte-americanos suspensos recentemente. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, também estão impedidos de viajar para os EUA.
Depois de articulações lideradas pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) e pelo jornalista Paulo Figueiredo, o governo Trump também anunciou uma taxa de 50% contra os produtos do Brasil – e usou o processo contra Bolsonaro como uma das justificativas.
Na quinta-feira, o próprio Trump se disse surpreso com a condenação de Bolsonaro e afirmou que estava “insatisfeito” com a decisão do STF.
Setor de serviços e outros destaques
Nesta sexta-feira, os investidores também repercutem a divulgação de indicadores econômicos tanto no Brasil quanto nos EUA. Pela manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anuncia os números da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) de julho, que mede a evolução do setor de serviços no país.
Em julho, o volume de serviços no Brasil subiu 0,3% em relação ao mês anterior, na série com ajuste sazonal. Com isso, o setor se encontra 18,5% acima do nível pré-pandemia (fevereiro de 2020) e renova, neste mês, o ponto mais alto da série histórica.
Na série sem ajuste sazonal, na comparação com julho de 2024, o volume de serviços avançou 2,8%, sua 16ª taxa positiva consecutiva.
Nos EUA, os destaques são dados sobre a confiança do consumidor, que medem o otimismo das famílias em relação à economia e influencia decisões de consumo, e o relatório do Departamento de Agricultura, com dados sobre oferta e demanda de commodities agrícolas.