Há quase 360 milhões de anos, os peixes ancestrais foram da água para a terra, gerando um processo que transformaria suas nadadeiras em pés e mãos com dedos. Segundo um estudo realizado por pesquisadores internacionais, uma sequência de DNA chamada 5DOM é o elo genético entre os animais e humanos.
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A pesquisa foi liderada pela Universidade de Genebra, na Suíça, em parceria com as Universidades de Harvard e Chicago, nos Estados Unidos, e o Collège de France. A descoberta foi publicada na revista científica Nature na última quarta-feira (17/9).
Através do sistema de edição genética CRISPR, pesquisadores descobriram que mãos e pés humanos não surgiram de um gene novo, mas sim da reutilização e novas combinações de pedaços “velhos” de um código genético já existente.
Comparação de genomas de peixes e roedores
Por muito tempo, cientistas buscam entender como peixes ancestrais com nadadeiras se “transformaram” em vertebrados com pulmões, pés e mãos.
Para isso, o estudo mais recente analisou genes e as regiões não codificantes do genoma de peixes-zebra. Essa região não produz proteínas, mas é responsável por controlar quando e onde serão ativados os genes, funcionando como “torres de controle” genéticas, decidindo se o gene será ligado ou desligado.
Em seguida, os pesquisadores compararam genomas dos peixes e camundongos. Eles encontraram uma região regulatória igual, ligada ao desenvolvimento de dedos nos roedores e chamada 5DOM.
Ao remover essa região dos peixes através da ferramenta genética CRISPR, os genes pararam de ser ativos na cloaca, mas não nas nadadeiras do animal aquático. Isso sugere que a região onde ficam os sistemas intestinal, urinário e reprodutor dos peixes foi “reaproveitada” para ajuda na formação de dedos em animais terrestres.
Segundo pesquisa, dedos humanos foram “criados” através de mecanismo genético visto nos peixes
“A característica comum entre a cloaca e os dedos é que eles representam partes terminais. Às vezes, são a extremidade de tubos no sistema digestivo, às vezes a extremidade de pés e mãos, ou seja, dedos. Portanto, ambos marcam o fim de algo”, diz a autora principal do estudo, Aurélie Hintermann, da Universidade de Genebra, em comunicado.
O resultado surpreendeu os cientistas, que refizeram o experimento, mas desta vez retirando o 5DOM dos camundongos. Eles perceberam que a sequência de DNA agiu na mesma região vista nos peixes.
Após a descoberta, a equipe de pesquisa pretende analisar como aconteceu o reaproveitamento genético com o passar dos milhões de anos.
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