MAIS

    EUA colocam Brasil em observação internacional por tráfico humano

    Por

    O Departamento de Estado dos Estados Unidos incluiu, nesta segunda-feira (29/9), o Brasil e a África do Sul na “lista de observação” de tráfico humano. O governo americano citou falhas dos dois países em demonstrar progressos no combate ao problema.

    A divulgação do relatório anual Trafficking in Persons (Tráfico de Pessoas) ocorre em meio ao aumento das tensões entre os governos brasileiro, sul-africano e a administração de Donald Trump.

    O documento avalia os esforços internacionais contra o trabalho forçado, o tráfico sexual e outras formas de escravidão moderna.

    Esforços insuficientes

    Segundo o relatório, Brasil e África do Sul foram transferidos para a “Lista de Vigilância Nível 2”, o que significa que precisam mostrar avanços ou poderão sofrer sanções do país norte-americano. O documento reconhece ações de ambos os países, mas aponta falhas nos resultados.

    No caso do Brasil, o relatório sustenta que o governo iniciou menos investigações e processos do que em anos anteriores e que os tribunais registraram menos condenações iniciais por tráfico.

    Sobre a África do Sul, o documento afirma: “Esforços significativos incluíram o lançamento da primeira força-tarefa subprovincial do país e a condenação de mais traficantes. No entanto, o governo identificou menos vítimas, investigou menos casos e iniciou menos processos”.

    Perseguições e tensões diplomáticas

    Sem apresentar provas, o presidente Donald Trump acusou a África do Sul de perseguir sua minoria branca. Ele também anunciou um programa de refúgio para sul-africanos brancos e aplicou tarifas pesadas ao país.

    “O tráfico humano é um crime horrível e devastador que também enriquece organizações criminosas transnacionais e regimes imorais e antiamericanos”, disse o secretário de Estado Marco Rubio em comunicado, sem detalhar a situação de cada país.

    Leia também

    Cortes de pessoal

    Neste ano, o Departamento de Estado não enviou representantes para responder a perguntas da imprensa sobre o relatório. Parlamentares democratas já haviam demonstrado preocupação com o atraso na divulgação.

    Em julho, o vice-secretário de Estado para Gestão e Recursos, Michael Rigas, afirmou ao Congresso que o número de funcionários do Escritório de Monitoramento e Combate ao Tráfico de Pessoas foi reduzido em 71%, após o corte de mais de 1,3 mil postos de trabalho no órgão.

    Questionado pela deputada Sarah McBride, Rigas defendeu a medida e disse que os demitidos estavam principalmente ligados à produção de relatórios.