A Comissão Europeia apresentou nesta quarta-feira (17/9) uma proposta de suspensão parcial do Acordo de Associação UE-Israel, que rege as relações comerciais entre as partes desde 2000. A medida retira de Israel o acesso preferencial ao mercado europeu e vem acompanhada de novas sanções direcionadas a membros do Hamas, ministros israelenses considerados extremistas e colonos violentos na Cisjordânia.
A decisão foi anunciada pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Ela reforçou a necessidade de um cessar-fogo imediato em Gaza e de acesso irrestrito à ajuda humanitária. Segundo a Comissão, a postura do governo israelense configura violação ao artigo 2º do Acordo Euro-Mediterrânico, que condiciona a parceria ao respeito pelos direitos humanos e princípios democráticos.
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Suspensão
Na prática, a suspensão implica que as importações israelenses perderiam benefícios tarifários, sendo tributadas como as de qualquer outro país sem acordo de livre comércio com a UE.
Além disso, o bloco pode cortar o apoio financeiro bilateral, previsto em cerca de € 6 milhões anuais entre 2025 e 2027, exceto no caso de projetos voltados à sociedade civil e ao memorial do Holocausto Yad Vashem. Projetos de cooperação institucional e iniciativas regionais que beneficiem Israel também seriam interrompidos, em valor estimado de € 14 milhões.
“O sofrimento em Gaza deve acabar. Propomos suspender concessões comerciais, sancionar extremistas e manter apoio apenas à sociedade civil e ao Yad Vashem”, declarou Ursula von der Leyen.
Today we propose to sanction extremist ministers and violent settlers, and suspend trade concessions with Israel.
And put bilateral support to Israel on hold, without affecting our work with Israeli civil society or Yad Vashem.
— Ursula von der Leyen (@vonderleyen) September 17, 2025
O pacote de sanções apresentado inclui a inclusão de ministros e colonos em listas restritivas do regime global de direitos humanos da UE, além de novas medidas contra dez integrantes do politburo do Hamas.
Para entrar em vigor, essas medidas precisam ser aprovadas por unanimidade no Conselho.
A iniciativa ocorre em meio à rápida deterioração da situação humanitária em Gaza, marcada por bloqueio de ajuda, intensificação das operações militares e planos israelenses de expansão de assentamentos na chamada zona E1 da Cisjordânia, considerados pela União Europeia uma ameaça direta à solução de dois Estados.
Relação econômica entre União Europeia e Israel
A UE é o principal parceiro comercial de Israel, representando 32% do comércio total do país em 2024, num volume de € 42,6 bilhões em mercadorias. A suspensão das preferências comerciais pode impactar setores-chave como máquinas, equipamentos de transporte e produtos químicos.
Agora, cabe ao Conselho da UE aprovar as medidas propostas. Se adotadas, a suspensão entrará em vigor 30 dias após a notificação oficial a Israel.
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