O ex-diretor do FBI James Comey foi indiciado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos nesta quinta-feira (25/9) por acusações criminais de falso testemunho e obstrução. Se condenado, ele pode pegar até cinco anos de prisão. Em vídeo postado no Instagram, Comey declarou que é inocente e confia no sistema judicial norte-americano. Segundo a imprensa local, ele deve se apresentar às autoridades nesta sexta-feira (26/9).
Donald Trump, por sua vez, chamou o ex-chefe do FBI de “corrupto” e disse que ele foi acusado “por vários atos ilegais e ilícitos”.
“Ele tem sido tão ruim para o nosso país por tanto tempo, e agora está começando a ser responsabilizado por seus crimes contra nossa nação”, publicou o presidente norte-americano na rede Truth Social.
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Relacionamento de Trump e Comey
O relacionamento entre Trump e Comey é conturbado desde 2017, quando o então presidente demitiu o diretor do FBI logo após Comey confirmar publicamente que a campanha de Trump estava sob investigação por suspeitas de interferência russa nas eleições. Desde então, o advogado norte-americano se tornou um crítico proeminente do republicano, afirmando que ele era “moralmente inapto” para o cargo.
O indiciamento atual decorre do exame, pelo Departamento de Justiça, do depoimento de Comey em 2020 perante o Comitê Judiciário do Senado, quando ele respondeu às críticas republicanas à investigação da Rússia e negou ter autorizado a divulgação de informações confidenciais à mídia.
A acusação formal foi apresentada após Trump pressionar a procuradora-geral, Pam Bondi, por não agir rapidamente contra Comey e outros críticos do presidente. Após o anúncio, Bondi afirmou nas redes sociais que “ninguém está acima da lei” e ressaltou o compromisso do Departamento de Justiça em responsabilizar quem abusa do poder.
“Faltavam provas suficientes para apresentar acusações”
O caso, porém, encontrou resistência interna no Distrito Leste da Virgínia, responsável pela investigação.
Erik Siebert, o principal procurador federal, renunciou questionando a solidez do caso, e sua subordinada Mary “Maggie” Cleary também levantou dúvidas. Outros promotores avisaram a sucessora, Lindsey Halligan — ex-assessora da Casa Branca e antiga advogada pessoal de Trump — que faltavam provas para apresentar acusações.
A demissão de Comey em 2017 levou à nomeação de Robert Mueller como procurador especial para investigar a campanha de Trump, que identificou contatos com autoridades russas, mas sem provas de associação criminosa. Trump chamou a investigação de “caça às bruxas” e seu governo tentou desacreditar as conclusões das agências de inteligência.
Relatórios internos do Departamento de Justiça apontaram erros na condução da investigação pelo FBI, sem evidência de viés político.