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    Fenômeno meteorológico deve provocar tempestades em regiões do Brasil

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    Nas próximas semanas, o Brasil deve passar por mudanças expressivas no regime de chuvas e de temperatura devido à Oscilação de Madden-Julian (OMJ), fenômeno atmosférico de grande escala que circula pelo globo e influencia diretamente a distribuição das precipitações.

    Meteorologistas apontam que a atuação da OMJ no Brasil vai trazer instabilidades ao país, com temporais no Sul, chuvas no Centro-Oeste e possibilidade de precipitação até em áreas que enfrentam estiagem há mais de 100 dias.

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    O que é a Oscilação de Madden-Julian

    A Oscilação de Madden-Julian é um padrão atmosférico que surge sobre os oceanos tropicais e se desloca pelo planeta em intervalos de 30 a 40 dias. Ela se manifesta por meio de grandes áreas de nuvens e tempestades capazes de alterar a circulação dos ventos e, consequentemente, a ocorrência de chuvas em regiões distantes.

    No Brasil, a influência da OMJ pode acelerar o início das chuvas em algumas áreas e, ao mesmo tempo, intensificar frentes frias e sistemas de instabilidade em outras. Isso significa que o fenômeno é um complemento importante na previsão meteorológica, mas precisa ser analisado em conjunto com modelos de previsão diária e sazonal.

    Temporais e risco de granizo

    De acordo com Andrea Ramos, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a atuação da OMJ somada a cavados — áreas alongadas de baixa pressão atmosférica — aumenta a chance de tempo severo.

    “Mas, de modo geral, os temporais devido às instabilidades vão ocorrer com pancadas de chuvas, trovoadas, rajadas de vento e possibilidade de queda de granizo”, afirma.

    Ela acrescenta que entre os dias 20 e 21 de setembro está prevista a formação de um ciclone que deve dar origem a uma frente fria, intensificando as chuvas na Região Sul. O Inmet emitirá avisos para caracterizar o evento.

    Ruptura atmosférica e início das chuvas

    O meteorologista Francisco de Assis Diniz, também do Inmet, explica que o que os especialistas chamam de “ruptura na atmosfera” acontece quando há a quebra de um bloqueio atmosférico causado pelos ventos da alta atmosfera, as chamadas correntes de jato, a cerca de 12 km de altitude.

    “Esse bloqueio provoca estiagem e onda de calor em uma região e excesso de chuva em outra. Quando é rompido, abre espaço para uma nova fase de chuvas”, esclarece.

    Ele destaca que os modelos de previsão usados pelos meteorologistas são complexos, baseados em dados matemáticos e físicos gerados por supercomputadores em centros de meteorologia de vários países, incluindo Brasil, Estados Unidos, Japão, China e o Centro Europeu.

    Foto colorida de árvores, palmeiras, balançando por causa do vento forte de uma tempestade - MetrópolesA Oscilação de Madden-Julian é um evento frequente que pode intensificar as chuvas no Brasil

    Esses modelos ajudam a definir o início e o fim das estações chuvosas em cada região. “No caso do centro do Brasil, deve começar a chover no início da próxima semana. Em Brasília e no Distrito Federal, a previsão é de chuvas isoladas até quarta-feira”, projeta Assis.

    O que esperar nos próximos dias

    Com a chegada da OMJ e a quebra do bloqueio atmosférico, a tendência é que o clima se torne mais instável em boa parte do território. No Sul, a combinação entre ciclone e frente fria deve gerar temporais intensos, enquanto no Centro-Oeste e em áreas que enfrentam seca prolongada há expectativa de retorno gradual das chuvas. O Nordeste e o Norte também podem registrar oscilações, ainda que mais irregulares, em função da interação com outros sistemas atmosféricos.

    Apesar da tecnologia cada vez mais avançada, Diniz lembra que a previsão não é absoluta. A OMJ ajuda a indicar tendências, mas a confirmação do tempo em dias específicos depende da análise de outros modelos. Ainda assim, os especialistas destacam que a oscilação global marca uma mudança importante no padrão climático do país e deve trazer alívio para áreas castigadas pela estiagem.

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