O presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Gilberto Waller Júnior, afirmou nesta segunda-feira (15/9) que o governo usará os bens apreendidos em um dos maiores esquemas de fraude no INSS, revelado pelo Metrópoles, para ressarcir os aposentados e pensionistas que tiveram descontos indevidos.
A Polícia Federal (PF) prendeu na última sexta-feira (12/9), em Brasília (DF), Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o Careca do INSS e apontado como um dos operadores do esquema da Farra do INSS.
O empresário Maurício Camisotti também foi preso pela corporação, suspeito de integrar o esquema de descontos indevidos.
Fraudes do INSS
- O escândalo do INSS foi revelado pelo Metrópoles em uma série de reportagens publicadas a partir de dezembro de 2023. Três meses depois, o portal mostrou que a arrecadação das entidades com descontos de mensalidade de aposentados havia disparado, chegando a R$ 2 bilhões em um ano, enquanto as associações respondiam a milhares de processos por fraude nas filiações de segurados.
- As reportagens do Metrópoles levaram à abertura de inquérito pela Polícia Federal (PF) e abasteceram as apurações da Controladoria-Geral da União (CGU).
- Ao todo, 38 matérias do portal foram listadas pela PF na representação que deu origem à Operação Sem Desconto, deflagrada no dia 23/4 e que culminou nas demissões do presidente do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.
Além dos mandados de prisão, a PF apreendeu uma Ferrari vermelha, quadros de arte, vinhos e até a réplica de um carro de Fórmula 1 durante as ações.
Segundo o presidente do INSS, cerca de R$ 2,8 bilhões foram bloqueados pela Justiça desde que o esquema foi revelado.
“Na verdade, a gente já tem acionado a Advocacia Geral da União para que faça medidas cautelares para poder bloquear esses bens para virem a repor o erário. A gente já tem até um total de 2,8 bi já presos, bloqueados por ordem judicial. A ideia é que 100% do ressarcimento venha sair do bolso de quem fraudou”, pontuou Waller.
Acusações contra o “Careca do INSS”
Além de representar entidades, o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes é apontado como dono de call centers que prestavam serviços na captação de associados das entidades da farra dos descontos indevidos sobre aposentados e, por força de contrato, ganhava 27,5% sobre descontos de novos filiados.
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Maurício Camisotti, dono da Total Health, é investigado como “beneficiário final” das fraudes contra aposentados
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PF apreende réplica de carro de Fórmula 1 em operação contra fraudes no INSS
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Ferrari apreendida pela PF durante nova fase da Operação Sem Desconto, que apura a “Farra do INSS”
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Dinheiro apreendido pela PF durante operação contra fraudes no INSS
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PF apreende obra de arte em operação contra fraudes no INSS
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Malas da Louis Vuitton
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Obra de arte apreendida durante operação da PF contra fraudes no INSS
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Antunes é suspeito de corromper ex-diretores e o ex-procurador-geral do INSS com pagamentos a empresas e, até mesmo, transferência de carrões de luxo a parentes deles. A Polícia Federal também investiga suposta lavagem de dinheiro em movimentações milionárias do lobista no Brasil e no exterior.
Sua atuação foi revelada pelo Metrópoles. Hoje, ele é visto como o principal operador do esquema, com procuração de, pelo menos, oito entidades para atuar em seus nomes.
Reunião
Nesta segunda, a reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as fraudes do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) foi cancelada. O investigado Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, comunicou nesta manhã, por meio da defesa, que não comparecerá à comissão. Ele está preso desde sexta.
A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) havia facultado a presença, cabendo a ele optar por comparecer ou não.