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Há momentos em que só o povo nas ruas escreve a História

Direita, unida, jamais será vencida – pelo menos no Congresso. Nas urnas, em 2018, com Lula preso e impedido de se candidatar, e Bolsonaro vitimizado pela facada, a direita venceu. Foi uma vitória confortável e convincente. Menos para…

Para Bolsonaro. Ele passou a apregoar de imediato que a eleição fora fraudada. Do contrário, ele a teria ganho no primeiro turno, dispensando a realização do segundo contra Fernando Haddad, do PT. A tentativa de golpe começou ali e ainda não terminou.

Confrontando-a a todo instante, Bolsonaro dedicou-se nos quatro anos seguintes a minar a confiança dos brasileiros na Justiça e a desacreditar o processo eleitoral. Por pouco, pouco mesmo, não se reelegeu. E por pouco, pouco mesmo, não deu o golpe.

O golpe de dezembro, e depois o de 8 de janeiro, fracassou porque alguns generais legalistas, não necessariamente a maioria deles, se opuseram. Fosse Donald Trump o então presidente dos Estados Unidos, a abolição da democracia por aqui teria acontecido.

Mas hoje ele é, e se comporta como o Imperador do Mundo, o escolhido por Deus ou pelos deuses para enfraquecer ou abolir a democracia no seu próprio país e onde mais seja possível, Não descansará enquanto não atingir seu objetivo.

Na semana passada, Trump colheu um revés com a condenação de Bolsonaro, sua caricatura tropical e divertida, como ele mesmo disse um dia ao recepcioná-lo. Nem por isso desistiu do intento de ver o Brasil, daqui a um ano, devolver o Poder à direita.

Não é sobre Tarcísio de Freitas, Ratinho Junior, Ronaldo Caiado ou qualquer outro nome. É sobre impedir que a esquerda siga governando o Brasil com Lula. Nada de pessoal contra Lula, que Trump sequer menciona em público. Tudo contra a esquerda.

Admirador das realezas, especialmente da Casa de Windsor, em meio a sua segunda visita ao Reino Unido, Trump terá mais o que fazer nos próximos dias do que prestar atenção ao que ocorre por aqui. Mas quando ele souber, qual será sua reação? Como agirá?

Quer dizer que o Brasil está à beira de uma crise institucional? Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal condenou Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão. Seis dias depois, a Câmara aprovou o regime de urgência para votar projeto que anistia os golpistas.

O Centrão, agrupamento de partidos de direita, juntou-se à extrema-direita para retirar da prisão a arraia miúda do golpe e, no mínimo, reduzir a pena a ser cumprida por Bolsonaro. No máximo, Bolsonaro estaria livre para concorrer à Presidência outra vez.

Delírio? Não meu, mas dos vassalos de Bolsonaro. Uma anistia ampla, geral e irrestrita que o beneficie não seria referendada pelo Senado. Se fosse, Lula a vetaria. Acionado, o Supremo a derrubaria de pronto. Mas tal hipótese fará Trump salivar.

Partiu dele a ordem para que o Supremo suspendesse o julgamento. Ela teria sido obedecida pelo Congresso, provocando uma crise institucional. Estaria de bom tamanho para Trump, que quando perde declara que ganhou. 2026 está chegando.

Há momentos em que só o povo nas ruas é capaz de defender seus interesses e de ao cabo fazer História. O momento pode ser esse quando seus representantes no Congresso lhe tapam os ouvidos.

 

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