A Polícia Civil do Rio Grande do Sul prendeu, nesta terça-feira (16/9), um hacker de 26 anos apontado como a principal “fonte” de dados sensíveis extraídos de sistemas governamentais e de segurança pública, incluindo informações da Polícia Federal (PF). Ele teria vazado informações usadas para ameaçar o youtuber Felca.
O suspeito, identificado pelo codinome “Jota”, foi alvo da terceira fase da Operação Medici Umbra, batizada de A Fonte. De acordo com os investigadores, ele tinha acesso a bases estratégicas, entre elas sistemas da PF com dados de investigação, reconhecimento facial e controle de voos domésticos e internacionais.
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O hacker também afirmava ter obtido 239 milhões de chaves Pix em um arquivo de 460 GB supostamente extraído do sistema do Poder Judiciário.
Estrutura criminosa
As apurações revelaram uma divisão clara de funções no esquema:
• Hacker (Jota): invadia sistemas governamentais e extraía os dados;
• Painelistas: compravam as informações do hacker e as revendiam em grupos de Telegram, cobrando taxas mensais dos fraudadores;
• Golpistas: adquiriam os acessos e aplicavam golpes em diferentes estados.
A suspeita é que Jota cobrava ao menos R$ 1 mil por cliente. Um dos painelistas, conhecido como “Menor”, administrava mais de 200 grupos e faturava cerca de R$ 10 mil por mês, vendendo o acesso a bots por R$ 50 cada.
Prisões em três estados
A ação desta terça cumpriu três mandados de prisão preventiva e três de busca e apreensão em Pernambuco, Rio Grande do Norte e São Paulo, mobilizando mais de 50 policiais.
Em São Paulo, um dos presos era responsável por aplicar diretamente fraudes; no Rio Grande do Norte, outro alvo desenvolveu um sistema para consultas clandestinas em grupos de WhatsApp.
As investigações apontam que o hacker preso já havia fornecido informações para criminosos detidos em fases anteriores da Medici Umbra. Entre eles está o hacker “Lammer”, também conhecido como F4llen ou Lucifage, preso em agosto em São Paulo.
Ele é acusado de liderar um grupo que, além de usar dados vazados para crimes digitais, compartilhava arquivos de pedofilia e fazia apologia ao nazismo.
Segundo a Polícia Civil, o material coletado nesta fase da operação deve ajudar a rastrear novas conexões entre hackers, intermediários e fraudadores que exploravam os dados pessoais de milhões de brasileiros em golpes espalhados por todo o país.