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    Hungria resiste a Trump e mantém petróleo russo: “Ficaria de joelhos”

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    O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, afirmou nesta sexta-feira (26/9) que o país continuará comprando petróleo e gás natural da Rússia, rejeitando os apelos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para interromper as importações. Segundo o premiê, uma ruptura imediata do fornecimento russo causaria um “desastre” econômico para a Hungria.

    “Eu disse ao presidente dos EUA que, se a Hungria fosse cortada do petróleo e gás natural russos, imediatamente, dentro de um minuto, o desempenho econômico húngaro cairia 4%. Isso significa que a economia húngara ficaria de joelhos”, declarou.

    A afirmação ocorreu um dia após conversa telefônica entre Orbán e Trump, na quinta-feira (25/9), em meio à Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Segundo o chanceler húngaro, Péter Szijjártó, os dois líderes discutiram temas como segurança energética, guerra na Ucrânia, tarifas e situação econômica global.

    Impasses

    Apesar da pressão de Washington, Budapeste argumenta que razões “geográficas e físicas” impedem a substituição rápida do petróleo russo, transportado até o país pelo gasoduto Druzhba, que também abastece a vizinha Eslováquia. Para Orbán, Hungria e EUA são países soberanos e não precisam “aceitar os argumentos um do outro”.

    4 imagensDonald Trump, presidente dos Estados UnidosO presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em discurso na ONUFechar modal.1 de 4

    Viktor Orbán, primeiro ministro da Hungria

    Alan Santos/Presidência da República2 de 4

    Beata Zawrzel/NurPhoto via Getty Images3 de 4

    Donald Trump, presidente dos Estados Unidos

    ONU/Reprodução4 de 4

    O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em discurso na ONU

    ONU/Reprodução

     

    O governo húngaro ressalta que Moscou tem sido um “parceiro confiável” desde a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022.

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    Além disso, Budapeste obteve da União Europeia uma isenção temporária das sanções sobre petróleo transportado por gasoduto, o que lhe permite continuar comprando energia mais barata de Moscou.

    Hungria sob pressão de Donald Trump

    A pressão de Trump representa uma reviravolta para Orbán, aliado político do presidente norte-americano. O líder nacionalista húngaro vinha apostando que a volta do republicano à Casa Branca reduziria as críticas de Washington ao governo dele.

    Na Europa, a posição da Hungria gera atritos com Bruxelas. A chefe de política externa da União Europeia, Kaja Kallas, defendeu que o bloco acelere a redução da dependência do petróleo russo e fez alusão direta ao premiê ao afirmar que alguns países que resistem ao corte são “bons amigos de Trump”.

    Mesmo sob pressão, Szijjártó indicou que a Hungria não pretende alterar sua postura. Segundo ele, as compras húngaras representam apenas 2,2% das exportações de petróleo da Rússia.

    Com isso, a Hungria segue como um dos últimos países da União Europeia a manter abertamente a dependência energética de Moscou, enquanto aliados ocidentais tentam cortar a principal fonte de receita do Kremlin para financiar a guerra contra a Ucrânia.