A Justiça de São Paulo mandou soltar Gabriel Vieira dos Santos, suspeito de roubar a arma do cabo da Polícia Militar (PM) Johannes Santana, baleado no pescoço durante uma abordagem, em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, no último dia 7 de agosto.
A decisão foi assinada pela juíza Juliana Dias Almeida de Filippo, na última sexta-feira (5/9). A determinação da magistrada aconteceu junto com a negativa para a prisão preventiva de Gabriel, levando em conta o fato de o suspeito ser réu primário e ter bons antecedentes.
“Não se verifica, a princípio, qualquer comportamento do corréu Gabriel que justificasse a medida extrema da segregação cautelar”, explica a juíza. Ela ainda completa dizendo “que as medidas cautelares diversas da prisão se revelariam suficientes à hipótese”.
Mesmo solto, Gabriel deve cumprir duas medidas cautelares: comparecimento bimestral em juízo para justificar suas atividades e proibição de se ausentar da comarca por prazo superior ao de sete dias, sem autorização prévia do juízo.
Um eventual descumprimento das cautelares poderá resultar na decretação de prisão preventiva.
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Prisão de Gabriel
- Gabriel Vieira dos Santos foi preso pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) dois dias após o crime.
- Com o detido, as autoridades também recuperaram a pistola usada pelo policial militar no momento em que foi baleado e uma lanterna.
- O suspeito foi encaminhado à sede do departamento.
Prisão preventiva para atirador foragido
No mesmo documento em que determinou a soltura de Gabriel, a juíza decretou a prisão preventiva de Kauan Alison Alves dos Santos.
Na decisão, a magistrada afirmou que existe prova de materialidade e indícios da autoria no disparo contra o pescoço do policial militar. Além disso, há a previsão do suspeito ser punido com uma pena privativa de liberdade máxima superior a quatro anos.
PM baleado no pescoço
No dia 7 de agosto, o cabo da Polícia Militar (PM) Johannes Santana foi baleado no pescoço durante uma abordagem policial na favela de Paraisópolis.
Em imagens da câmera corporal do agente, é possível ver toda a dinâmica de perseguição do suspeito até a chegada do socorro para atender socorrer o policial. Ele fica cerca de três minutos em contato com o Copom.
Santana repete várias vezes que foi baleado, que teve a arma roubada e que está sangrando. É possível ver que em em alguns momentos ele pergunta aos moradores que testemunharam a ocorrência se foi atingido por uma pedra ou um tiro.
As imagens também revelam a dinâmica da perseguição que resultou no PM baleado. O agente, em uma moto, segue o suspeito até conseguir alcançá-lo em uma travessa da favela.
Durante a abordagem, populares que presenciavam a cena se aproximam e questionam a ação do PM dizendo para ele abaixar a arma. “Ae rapaziada cola ai, vamos ajudar o moleque”, diz uma das testemunhas. Enquanto isso, o suspeito resiste à abordagem policial.
Em um determinado momento, uma testemunha tenta puxar o suspeito e evitar a imobilização policial. Posteriormente, começa uma luta corporal em que o suspeito fica próximo à cabeça do agente, levanta a arma e atira à queima-roupa no pescoço do PM. Pelas imagens corporais, nota-se que o cabo Santana não percebe que o suspeito está armado.
Em uma moto, PM perseguiu suspeito até Paraisópolis
Divulgação/ SSP-SP
Suspeito foi alcançado pelo PM em uma travessa da favela
Divulgação/ SSP-SP
Suspeito é rendido pelo PM
Divulgação/ SSP-SP
PM chega a apontar arma contra suspeito, mas não atira
Divulgação/ SSP-SP
PM e suspeito começam briga corporal
Divulgação/ SSP-SP
Baleado no pescoço, PM usa celular para pedir resgate
Divulgação/ SSP-SP
Sangue de PM cai na tela do celular
Divulgação/ SSP-SP
Após cerca de 3 minutos, agentes chegam para fazer resgate de colega
Divulgação/ SSP-SP
PM conversa com colega baleado
Divulgação/ SSP-SP
Arquivo Pessoal
Arquivo Pessoal
Atirador corre após atingir PM
Arquivo Pessoal
Cabo havia sacado armamento em abordagem
Arquivo Pessoal
Criminoso rouba arma de PM
Arquivo Pessoal
PM identifica homem que atirou em cabo durante abordagem policial em Paraisópolis, zona sul de SP
Reprodução
PM identifica homem que atirou em cabo durante abordagem policial em Paraisópolis, zona sul de SP
Reprodução
O PM Johannes Santana
Reprodução/Arquivo pessoal
Após o disparo, o policial cai ofegante no chão, e os vizinhos começam a gritar. Imediatamente, ele aciona o Copom e pede apoio, avisando que foi baleado e que teve a arma roubada pelos suspeitos. “Roubaram minha arma. Estou baleado.”
Após alguns segundos, o cabo Santana se levanta e chega a perguntar aos moradores da região se havia levado uma pedrada ou um tiro: “Foi tiro, moço. Foi tiro”. Posteriormente, ele volta a pedir socorro no Copom, dizendo que está perdendo os sentidos.
Ao fim do vídeo, o policial relata estar vendo uma sirene policial na região, mas que passou reto e não foi lhe socorrer. Depois de poucos minutos, chegaram viaturas da Rotam e a equipe o socorreu.
O PM foi hospitalizado, permaneceu internado por um dia. Depois de passar por uma tomografia que confirmou a asuência de problemas mais sérios em razão do disparo no pescoço, ele recebeu alta médica.
Buscas pelo atirador
A PM ainda procura pelo atirador flagrado nas imagens da ação há dois dias em Paraisópolis.
Ele foi identificado como Kauan Alison Alves dos Santos, de 20 anos, e tem passagens criminais por roubos desde a adolescência — são dois atos infracionais, registrados em 2022, um no ano de 2023 e uma passagem quando já adulto, em 2024.
PM identifica homem que atirou em cabo durante abordagem policial em Paraisópolis, zona sul de SP
Reprodução
PM identifica homem que atirou em cabo durante abordagem policial em Paraisópolis, zona sul de SP
Reprodução