O empresário Luciano Hang, proprietário da Havan, realizou uma das maiores doações, via Pix, recebidas pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), entre maio e junho deste ano, período em que ela já estava foragida no exterior. A informação consta em relatório da Polícia Federal (PF) encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta sexta-feira (19/9).
A pedido de Moraes, a PF fez a análise bancária dos valores recebidos por Zambelli. Foram analisadas transações ocorridas entre 8 de maio e 5 de junho deste ano. A PF verificou que, a partir de 19 de maio, houve um aumento significativo de recursos recebidos, mesma data em que ela solicitou, publicamente, doações financeiras para o pagamento de multas judiciais, disponibilizando o CPF como chave Pix.
Dentre as maiores transações realizadas por terceiros, destacam-se três doações de R$ 5 mil. Uma delas, segundo a PF, foi feita pelo empresário Luciano Hang.
A análise também revelou que os maiores valores movimentados se referiam a transações entre contas da própria Zambelli, totalizando R$ 336 mil, transferidos para outras contas de sua titularidade após o pedido de ajuda financeira.
Os valores constam no relatório da PF acerca do inquérito que apura suposta coação no curso do processo que tramita no STF e obstrução de investigação por parte de Zambelli.
Vinícius Schmidt/Metrópoles
Carla Zambelli
Fábio Vieira/Metrópoles
Carla Zambelli
Vinícius Schmidt/Metrópoles
Carla Zambelli
Foto: Hugo Barreto/Metrópoles
A deputada Carla Zambelli
Igo Estrela/Metrópoles @igoestrela
Carla Zambelli
Igo Estrela/Metrópoles @igoestrela
PF diz não ver coação por parte de Zambelli
No relatório, a PF analisou também postagens de Zambelli e parentes, nas redes sociais, desde que ela deixou o país com destino à Itália. A corporação afirma, após análise, que não houve coação nem obstrução por parte da parlamentar.
O ministro Alexandre de Moraes havia pedido à PF para analisar as ações de Zambelli na internet. A investigação focou em declarações proferidas por ela após fuga para o exterior, em 3 de junho deste ano.
A deputada havia afirmado, segundo o relatório da investigação, que voltaria a propagar notícias sobre o processo eleitoral brasileiro, que lutaria contra o STF e que adotaria o mesmo modus operandi do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos desde fevereiro deste ano.
No entanto, a PF apurou que o comportamento identificado não ultrapassou o campo da retórica. As condutas de Zambelli se restringiram a publicações em redes sociais e manifestações de caráter opinativo, como as feitas por meio de perfis associados a sua mãe, Rita Zambelli, e seu filho João Hélio Salgado Neto.