O Ministério da Cultura divulgou, nessa quarta-feira (17/9), uma nota de repúdio ao cancelamento da participação da jornalista e escritora Milly Lacombe da programação da 11ª Festa Lítero Musical (Flim) de São José dos Campos, no interior de São Paulo. A presença da jornalista teria sido cancelada por questões de segurança após vereadores da cidade repercutirem trechos de uma entrevista em que ela fala sobre a “família tradicional brasileira”. O evento aconteceria entre esta sexta (19/9) e domingo (21/9).
Na nota, a pasta do governo federal afirma que o cancelamento “se constitui um grave caso de cerceamento à diversidade de pensamento necessária em nosso convívio social e, em especial, em eventos culturais que se propõem a discutir os temas mais urgentes para nossa evolução como sociedade”.
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O ministério ainda cobra explicações do prefeito Anderson Farias (PSD sobre os motivos objetivos que levaram à suspensão da presença da jornalista.
“Ainda mais lamentável é que isso aconteça em uma ação cultural financiada com recursos públicos oriundos da Lei Rouanet. Considerando que a Lei veda avaliações a partir de critérios subjetivos, o MinC solicitará informações detalhadas ao proponente da 11ª Festa Lítero Musical de São José dos Campos (SP), de forma explicar quais motivos objetivos que levaram ao cancelamento”, diz a nota.
Entenda o caso
- A participação de Milly Lacombe foi cancelada após a repercussão de declarações dadas por ela ao podcast Louva a Deusa, no fim de julho deste ano.
- No trecho que viralizou, a jornalista afirma que “família é um núcleo produtor de neurose” e criticando o conceito da “família tradicional brasileira”.
- O vereador Thomaz Henrique (PL) fez um vídeo sobre a fala e pediu para que as “famílias joseenses” cobrassem as empresas patrocinadoras do evento e manifestassem insatisfação.
- Segundo a própria jornalista, o cancelamento de sua presença foi necessário porque “existia um risco real imediato” à sua segurança.
- Nas redes sociais, Lacombe alega que o trecho que viralizou “foi manipulado, tirado de contexto, para que esse vídeo servisse à fúria e ao ódio da extrema direita”.
- Ela disse que é uma mulher lésbica e que, na entrevista ao podcast, falava sobre a importância de crianças LGBTQIAPN+ serem acolhidas em suas famílias.
Boicote de escritores e curadoras
Após a decisão do evento sobre a participação de Milly Lacombe, diversos escritores também cancelaram suas presenças na Flim. Nessa quarta-feira (17/9), entre os 20 autores anunciados, 14 haviam comunicaram sua desistência. As curadoras também abriram mão de participar da feira literária.
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Com a repercussão, a própria organização anunciou na noite dessa quarta-feira (17/9) o adiamento do evento. A decisão de adiar o evento foi tomada pela Associação para o Fomento da Arte e da Cultura (Afac) juntamente com a prefeitura do município e a Fundação Cultural Cassiano Ricardo. Uma nova data ainda não foi divulgada.