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    Motos: saiba ruas de SP onde acidentes acontecem com mais frequência

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    A cidade de São Paulo registrou mais de 11.600 acidentes envolvendo motos entre janeiro e agosto deste ano, o que dá 48 por dia, em média, entre os que foram devidamente anotados pelas autoridades. Embora distribuídos por toda a capital paulista, esse tipo de acontecimento tem uma frequência maior em grandes vias da cidade, aquelas onde o volume de veículos e a velocidade empregada são maiores.

    De janeiro a agosto, a capital paulista registrou a morte de 307 motociclistas em acidentes de trânsito, segundo os dados do Infosiga, do Detran.

    A Marginal Pinheiros foi a via com maior número de acidentes envolvendo motos nos primeiros oito meses na cidade de São Paulo. Foram ao menos 427 acidentes nas ruas e avenidas que compõem toda a sua extensão, desde as proximidades da Marginal Tietê até os bairros da zona sul.

    O fato de a Marginal Pinheiros estar no topo do ranking de acidentes na capital paulista não chega a surpreender quem passa por ela diariamente. “É uma via muito perigosa. Inclusive, se tivesse a faixa azul igual tem na Avenida 23 de Maio ou na Marginal Tietê, adiantaria muito”, diz Gilberto Anderson Nascimento Silva, de 42 anos, que trabalha há duas décadas como motoboy. A faixa azul citada por Silva, exclusiva para motos, foi implementada pela primeira vez em 2022, na 23 de Maio.

    Segundo o motoboy, os acidentes na Marginal Pinheiros são frequentes. “Muitos. Todos os dias. A todo momento você passa e sempre tem um”, diz.

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    Motos na Marginal Pinheiros, em São Paulo

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    Motos na Marginal Pinheiros, em São Paulo

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    Motos na Marginal Pinheiros, em São Paulo

    William Cardoso/Metrópoles

    Na madrugada do último domingo (21/9), o modelo JP Mantovani morreu em um acidente de moto na Avenida das Nações Unidas, uma das vias que compõem a Marginal Pinheiros, nas proximidades da Ponte Cidade Jardim.

    O bancário Gabriel Henrique dos Santos, 22 anos, pilota sua moto pela Margina Pinheiros, nunca sofreu acidente na via, mas vê esse tipo de ocorrência frequentemente. “Pelo menos duas vezes na semana”, diz. “É pouca sinalização, muito movimento. Entendo que é uma faixa de muito movimento, não tem como colocar farol (semáforo) ou faixa de pedestre, mas acho que o principal de tudo são os motoristas. A gente vê muita gente mexendo no celular”, afirma.

    Números

    O Metrópoles usou como base os dados abertos do Infosiga 3.0 (a planilha, em si), do Detran-SP.

    Vias – Acidentes

    1. Marginal Pinheiros – 427
    2. Marginal Tietê – 270
    3. Rodovia Raposo Tavares – 144
    4. Avenida Washington Luís – 122
    5. Estrada do M’Boi Mirim – 111
    6. Avenida Senador Teotônio Vilela – 107
    7. Estrada de Itapecerica – 110
    8. Avenida do Estado – 104
    9. Avenida Aricanduva – 101
    10. Avenida Sapopemba – 90

    No ranking sobre todo tipo de acidente (não apenas envolvendo motos) nos últimos 12 meses, em formato mais amigável, no site, o Infosiga 3.0 trouxe as vias da maneira como são lançadas nos boletins de ocorrência, daí o surgimento de SP-015 e Avenida das Nações Unidas, separadamente, entre as 10 mais, embora sejam a mesma Marginal Pinheiros, em diferentes trechos.

    Trata-se de um problema que afeta a todos que buscam georreferenciar ocorrências na cidade de São Paulo, quando o banco de dados é abastecido por BOs. Como curiosidade, há uma lista com 3.006 grafias diferentes que surgiram ao longo do tempo nos boletins de ocorrência para as vias que compõem as marginais Pinheiros e Tietê. Vão desde erros de acentuação até Rua Hungria escrita sem o “h”, por exemplo.

    Em consulta ao Detran, a reportagem perguntou quais são as vias que compõem a Marginal Pinheiros e somou todas as ocorrências registradas nelas entre janeiro e agosto, para se chegar a um resultado mais próximo do real.

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    A reportagem adotou o mesmo método em relação à Marginal Tietê, que se tornou então vice-líder do ranking de acidentes com moto.

    O Detran afirmou que o Infosiga prevê melhorias no sistema de coleta e georreferenciamento de dados de sinistros, “possibilitando aumentar ainda mais a precisão em vias complexas, como nos casos da Marginal Pinheiros e da Marginal Tietê”.

    Os dados também mostram que a sexta-feira é o dia da semana com o maior número de acidentes envolvendo motos em São Paulo. Também há um pico de acidentes no período da manhã, das 7h às 8h59, e, posteriormente, no início da noite, das 18h às 18h59.

    As colisões (quando um veículo bate em outro também em movimento) representam 77% dos acidentes envolvendo as motos. Com relação à gravidade, 90% tiveram ferimentos leves, embora 307 motociclistas tenham morrido no período analisado.

    O que dizem Prefeitura de SP e Detran

    A Prefeitura de São Paulo diz que a Faixa Azul é a principal medida de segurança viária voltada a motociclistas. “O projeto reduziu em 47,2% as mortes nos trechos sinalizados, de 36 em 2023 para 19 em 2024, e hoje soma 232,7 km em 46 vias, beneficiando cerca de 500 mil motociclistas por dia. Outra iniciativa é a ampliação das Frentes Seguras”, afirma.

    Segundo a prefeitura, na Marginal Pinheiros, o projeto da Faixa Azul foi implantado em dois trechos, 5,8 km em 2023 e 3 km em 2025. “Outras implantações na via ainda dependem de estudos e aprovação”, diz.

    A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) diz que intensificou a operação com monitoramento contínuo por agentes 24h nas vias que concentram o maior volume de ocorrências, modernização de painéis e câmeras, revitalização da sinalização e proibição de motos na pista expressa no sentido Interlagos-Castelo.

    “A fiscalização de velocidade é contínua, com radares fixos e lombadas eletrônicas, sempre sinalizados e em conformidade com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e a Resolução Contran 798/20. Como as motos possuem placa apenas traseira, a fiscalização é feita exclusivamente por equipamentos que capturam imagens pela parte de trás do veículo”, diz.

    Segundo a CET, são promovidas ações educativas como cursos gratuitos, o Prêmio CET de Educação de Trânsito e o Pit Stop Educativo, que em 2025 já atendeu cerca de 8 mil motociclistas em três edições.

    O Detran-SP afirma que intensificou o combate à alcoolemia, com um aumento de 105% nas operações e 87% nas abordagens de condutores de janeiro a agosto de 2025, em comparação com 2024. Na Semana Nacional do Trânsito (setembro), foram abordados 42.418 condutores, um aumento de 58% em relação ao ano passado.

    O Detran também diz que, nos primeiros oito meses deste ano, foram cerca de 1.900 ações educativas, atingindo aproximadamente 700 mil pessoas. “Os motociclistas são o foco de campanhas de fiscalização e educativas, com ênfase na redução de velocidade e uso de equipamentos obrigatórios”, diz.

    O departamento afirma que o governo de São Paulo colocou em consulta pública o primeiro Plano Estadual de Segurança Viária com a meta de reduzir pela metade o número de mortes no trânsito em cinco anos. “As ações envolvem gestão de velocidade, fiscalização, vias seguras, melhoria de normas e eficiência no atendimento às vítimas”, diz.

    De acordo com o Infosiga, entre janeiro e agosto, os acidentes de trânsito no estado de São Paulo caíram 21,7%, e os óbitos diminuíram 1% no acumulado deste ano. Na capital, houve queda de 10,9% nos acidentes e 3% nas mortes, com redução de 2,8% nos óbitos envolvendo motociclistas, nos primeiros oito meses deste ano.