O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, disse, nesta terça-feira (9/9), que as anotações do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) Augusto Heleno, apontadas pela denúncia, como uma “agenda golpista”, não são “normais”.
“Não é razoável achar normal um general do Exército, quatro estrelas, ministro do GSI, ter uma agenda com anotações golpistas. Ter uma agenda preparando a execução de atos para deslegitimar as eleições, deslegitimar o Poder Judiciário e se perpetuar no poder”, afirmou Moraes.
O ministro continuou: “Eu não consigo entender como alguém pode achar normal numa democracia, em pleno século 21, uma agenda golpista”.
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Anotações de Heleno
A denúncia da PGR contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa, mostra anotações do general Augusto Heleno, então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), com diretrizes a serem seguidas para descredibilizar as urnas eletrônicas.
Na residência de Augusto Heleno foi encontrado uma agenda com anotações sobre o planejamento prévio do grupo para fabricar um discurso para descredibilizar as urnas eletrônicas. Heleno definiu algumas diretrizes estratégicas a serem seguidas.
Diretrizes estratégicas:
- Fazer um mapa com o levantamento das áreas onde o presidente possui aliados confiáveis.
- Não fazer qualquer referência a “homossexuais, negros, maricas, etc”. Evitar comentários desastrosos e generalistas sobre o povo brasileiro. Ao contrário, exaltar as qualidades do povo: lutador, guerreiro, alegre, otimista.
- Estabelecer um discurso sobre urnas eletrônicas e votações. “É válido continuar a criticar a urna eletrônica”.
- Na residência de Heleno também foram encontrados outros documentos relacionados a supostas inconsistências e vulnerabilidades das urnas eletrônicas, para servirem de base no discurso do ex-presidente Jair Bolsonaro para levantar dúvidas sobre as urnas.