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    O que a anistia da ditadura tem a ver com a anistia para Bolsonaro

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    Feijoada com paio está para Cid Sampaio assim como a anistia de 1979 está para a anistia aos golpistas de dezembro de 2022 e do 8 de janeiro de 2023. Ou seja: uma coisa nada tem a ver com a outra

    Sampaio foi um usineiro pernambucano que governou seu estado entre 1959 e 1962. Creio que todo mundo saiba o que é feijoada com paio. A melhor que comi foi em São Paulo. Aceito convites.

    A anistia de 1979 marcou a proximidade do fim da ditadura militar de 64, que ainda se estenderia por mais seis anos. Ela perdoou crimes à direita e à esquerda, e de certa forma pacificou o país.

    Os mais beneficiados foram os militares e policiais a serviço deles, que torturaram, mataram e desapareceram com corpos. O do deputado federal Rubens Paiva (PTB-RJ) foi jogado no mar.

    A maioria dos brasileiros foi a favor da anistia de 1979. A maioria (61%), segundo recente pesquisa Datafolha, é contra qualquer tipo de perdão a Bolsonaro e aos demais golpistas condenados.

    Quanto à prisão dele, no momento 50% a defendem, 43% a rejeitam. É melhor já irem se acostumando com a ideia. Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão.

    É improvável que o Congresso aprove uma nova anistia, seja para os tubarões das tentativas fracassadas de golpe, seja para a arraia miúda. Não cabe anistia para quem quis derrubar a democracia.

    Mas a algazarra em torno da anistia não terminará tão cedo. No passado, a chamada “Casa do Povo” (Câmara dos Deputados) já foi mais sensível à vontade dos eleitores. Hoje, é bem menos.

    Com a fortuna que recebem para trabalhar tão pouco, e bilhões de reais do Orçamento da União para investir ao seu gosto, deputados e senadores já não dependem tanto do voto para se eleger.

    Compra-se eleições e ainda sobra dinheiro público para encher os próprios bolsos. Por isso, podem ignorar o que emana das ruas ou é captado pelas pesquisas. Isso, antes, lhes custaria muito caro.

    O que para eles importa de fato é não contrariar a vontade do andar de cima que os financia e exige obediência em troca.

     

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