Em um atentado com perseguição, capotamento e tiros de fuzil, o ex-delegado-geral da Polícia Civil paulista Ruy Ferraz Fontes foi executado na noite dessa segunda-feira (16/9), no bairro Jardim Mirim, em Praia Grande, litoral sul de São Paulo. Quase 24 horas depois, a polícia usa imagens de câmeras de segurança para estabelecer a dinâmica do crime e afirma já ter dois suspeitos identificados.
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Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado-geral da Polícia Civil de SP
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Vídeo mostra dinâmica de atentado que matou o ex-delegado-geral de SP, Ruy Ferraz Fontes
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Delegado Ruy Ferraz Fontes
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O ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, foi executado por criminosos em Praia Grande, litoral de São Paulo
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Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado da Polícia Civil de São Paulo
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Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado da Polícia Civil de São Paulo
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Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado da Polícia Civil de São Paulo
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Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado da Polícia Civil de São Paulo
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Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado da Polícia Civil de São Paulo
Divulgação/Polícia Civil
Um vídeo obtido pelo Metrópoles mostra o momento em que os criminosos deram início à emboscada que resultou na morte do ex-delegado. Eles estacionaram um carro em uma rua próxima da Prefeitura de Praia Grande , onde a vítima trabalhava como titular da Secretaria de Administração, às 18h02.
Veja o vídeo:
Após 14 minutos, o veículo de Ruy Fontes aparece na gravação, passa ao lado dos criminosos e é alvo de tiros. Ruy tenta fugir, mas é perseguido, bate o carro em um ônibus após cerca de 2,5 km e é executado.
Outras duas pessoas que estavam próximas do local do ataque ficaram feridas durante a ocorrência, segundo a prefeitura municipal. As vítimas foram transferidas para o Hospital Municipal Irmã Dulce. Uma mulher ficou com ferimentos leves e um homem segue internado para atendimento médico, sem maiores riscos.
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Ruy Ferraz foi o primeiro delegado a investigar a atuação do PCC no estado, enquanto chefiava a Delegacia de Roubo a Bancos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), no início dos anos 2000. Uma das hipóteses da polícia é justamente o envolvimento de integrantes da facção no crime.
Suspeitos identificados
Os primeiros suspeitos foram identificados menos de 24 horas após o crime. Na manhã desta terça-feira, o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite (PP), falou sobre o primeiro suspeito em coletiva de imprensa.
“O que eu posso falar é que já temos a identificação e a qualificação. O pedido de prisão vai ser feito agora, ainda hoje (16/9)”, disse.
Derrite não confirmou se o suspeito é integrante do crime organizado e tampouco divulgou seu nome.
“Ele está, obviamente, nesse momento, tentando fugir. Esse primeiro indivíduo identificado e qualificado, para nós, é fundamental que consigamos realizar a prisão dele para que, a partir de então, consigamos capturar todos os envolvidos”, explicou.
Segundo Derrite, o homem identificado já foi preso diversas vezes, inclusive quando era adolescente. No entanto, ele não seria um dos atiradores. A polícia ainda apura qual foi a participação dele no crime.
Por volta de 14h30, Derrite divultou, pela rede social X, que um segundo envolvido foi identificado após o trabalho de perícia no local do assassinato (veja abaixo).
Já identificamos um 2º indivíduo que participou do assassinato do Dr. Ruy Ferraz Fontes, após um trabalho de perícia no local. Vamos solicitar a prisão temporária dos dois já identificados. Seguimos com todas as polícias empenhadas nesse caso, para que os culpados sejam punidos.
— Guilherme Derrite (@DerriteSP) September 16, 2025
De acordo com o secretário de Segurança, a polícia está mobilizada para que “todos os culpados sejam punidos”.
Nenhuma linha de investigação foi descartada
Autoridades da SSP não descartam a participação de agentes públicos na execução de Ruy Ferraz. Além de ter sido inimigo número 1 do PCC quando atuava como delegado, o delegado tinha inimizades dentro da própria polícia e trabalhava como secretário de Administração em Praia Grande, onde pode ter contrariado interesses locais. Oficialmente, nenhuma hipótese é descartada pela cúpula da SSP.
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A execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
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A execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
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O velório do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
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O velório do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
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O velório do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
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O velório do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
Valentina Moreira/Metrópoles
A suspeita sobre a possibilidade de envolvimento de agentes públicos no crime surgiu após análise dos vídeos que flagraram o atentado. As imagens mostram uma ação coordenada dos quatro executores, com sinais de conhecimento operacional.
Ao todo, mais de 20 tiros de fuzil foram disparados na ação. Ruy Ferraz morreu na hora e outras duas pessoas que estavam próximas ao local foram atingidas na perna e não correm risco de morrer.
Na gravação captada por uma câmera de segurança na Avenida Roberto de Almeida Vinhas, na Vila Mirim, o ex-delegado aparece sendo perseguido, até bater seu carro contra um ônibus e capotar. Nesse momento, três criminosos encapuzados desembarcam do carro de trás. Dois começam a atirar enquanto o terceiro faz uma espécie de contenção. Na sequência, eles retornam ao veículo e deixam o local.
Veja:
Possível vingança
Entre as linhas de investigação sobre o mando do crime, a força-tarefa acredita em uma possível vingança do PCC. Ruy Ferraz foi o primeiro delegado a investigar a facção no estado, no começo dos anos 2000, e atuou na transferência de algumas das principais lideranças para presídios federais de segurança máxima, como Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola.
Além disso, também é considerada a hipótese de que o crime esteja relacionado com a atual função de Ruy Ferraz, que ocupava o cargo de Secretário de Administração de Praia Grande. Nesse caso, o envolvimento de agentes públicos e do PCC também não é descartado.
Quem era Ruy Ferraz
- Ruy Ferraz Fontes atuou por mais mais de 40 anos Polícia Civil de São Paulo era especialista na facção criminosa PCC.
- Ele iniciou a carreira como delegado de polícia titular da Delegacia de Polícia do Município de Taguaí, do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior (Deinter) 7.
- Durante a vida profissional, foi delegado de Polícia Assistente da Equipe da Divisão de Homicídios do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
- Também atuou como delegado de Polícia Titular da 1ª Delegacia de Polícia da Divisão de Investigações Sobre Entorpecentes do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc).
- Além disso, Ferraz foi delegado de Polícia Titular da 5ª Delegacia de Polícia de Investigações Sobre Furtos e Roubos a Bancos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e comandou outras delegacias e divisões na Capital.
- O secretário de Administração de Praia Grande também esteve à frente da Delegacia Geral de Polícia do Estado de São Paulo e foi Diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (DECAP).
- Ele ainda foi professor assistente de Criminologia e Direito Processual Penal da Universidade Anhanguera e atou como Professor de Investigação Policial pela Academia da Polícia Civil do Estado de São Paulo (Acadepol).
- Ruy assumiu a Secretaria de Administração de Praia Grande em janeiro de 2023, permanecendo na gestão que se iniciou em 2025, até ser morto nessa segunda-feira.
- O policial também foi o primeiro delegado a investigar a atuação do PCC no estado, enquanto chefiava a Delegacia de Roubo a Bancos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), no início dos anos 2000.
- Ele foi jurado de morte por Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder máximo do PCC, em 2019, após o criminoso ser transferido para o sistema penitenciário federal.