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Para Milei só interessa salvar o mandato

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Para Milei só interessa salvar o mandato

O Javier Milei que assumiu a Presidência argentina com arrogância e berros já não é o mesmo. A inflação e os gastos estatais caíram, mas o sentimento da população é que a vida continua difícil. sSua aprovação, que já foi positiva, está em queda livre. Junte-se às denúncias de corrupção, a necessidade de um novo empréstimo já que sua política cambial começa a esfarelar, as dificuldades com o Legislativo e a necessidade de manter a vitrine da loja bonita para as eleições de outubro – e até mesmo para sua reeleição – e parece que Milei está mais cada vez mais próximo do desacreditado louco do início de sua campanha.

Até meados de 2025, o cenário mostra uma inflação muito abaixo dos níveis dramáticos dos anos anteriores, mas ainda elevada: depois de ultrapassar 200-300 % em 2023–2024, a inflação anual já aparece entre 30% e 40% segundo diversas estimativas — com o governo celebrando que o índice foi de 1,9 % em agosto.

Porém, na semana passada o Banco Central vendeu  cerca de US$ 1,1 bilhão para conter a desvalorização do peso frente ao dólar e aumentou os juros nominais. Milei teve que recorrer a Trump e conseguiu um novo empréstimo de US$ 4 bilhões junto ao Banco Mundial. Fez questão de enviar uma mensagem eleitoreira de que, não importa o que aconteça, a Argentina e sua política liberal têm um grande aliado.

Nenhum ultradireitista vai ressaltar as contradições de um modelo liberal que depende de ajuda externa e que  baixou temporariamente os impostos das exportações agrícolas para reter mais dólares. Essa engenharia econômica e marqueteira tem um norte: as eleições legislativas nacionais de 26 de outubro. Sobretudo após a derrota do Liberdade Avança na eleição na província de Buenos Aires.

Milei intensificou suas campanhas midiáticas, shows e aparições, tentando aparentar normalidade e esconder a fragilidade de uma política cambial que exige reservas em dólar que o país não tem; sua política recessiva pressiona o poder aquisitivo da população e impede o crescimento econômico; sua aliança parlamentar e poder de negociação chegou ao teto, e Milei pode ser obrigado a se reaproximar do macrismo, o que levaria a uma cessão de poder após as eleições. Outubro está logo ali. O temor é que o restante seu mandato possa ter odor de corralito. Como disse um amigo, o neoliberalismo tem um grande problema: a realidade.

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