Parente de vítimas baleadas em execução de ex-delegado relata “filme de terror”

Metrópoles

4 horas atrás

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As duas pessoas que ficaram feridas no atentado que matou o ex-delegado-geral paulista Ruy Ferraz Fontes eram tia e sobrinho. A mulher, de 33 anos, foi atingida por dois disparos de fuzil na perna, sendo que uma das balas ficou alojada, mas já foi retirada — ela já recebeu alta hospitalar. Já o jovem, de 20 anos, vai ter que passar por uma cirurgia devido ao tiro que levou na canela e segue internado.

Ao Metrópoles, uma parente das duas vítimas, que preferiu não se identificar, disse que está vivendo um “filme de terror” desde o crime.

“A gente nunca acha que vai acontecer com a gente. A gente só via na televisão”, lamentou. Ela disse que está tentando superar o ocorrido.

Segundo a familiar, o jovem vai precisar usar um fixador externo circular na perna, conhecido como gaiola. O aparato serve para estabilizar fraturas ósseas complexas, corrigir deformidades, alongar membros e tratar infecções ósseas.

Execução do ex-delegado-geral

Os dois carros usados pelos criminosos que executaram o ex-delegado haviam sido roubados na capital paulista, segundo consta no boletim de ocorrência. Uma das linhas de investigação é de que os autores do atentado sejam integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), mas a cúpula da Secretaria da Segurança Pública (SSP) não descarta o envolvimento de agentes públicos.

Mais de 20 tiros de fuzil foram disparados no bairro Mirim, no início da noite dessa segunda-feira (15/9). Um dos veículos roubados – que foi encontrado em chamas momento depois da execução – pertence a uma empresa atuante no fornecimento de soluções de defensivos agrícolas.

O outro, em nome de uma companhia de seguros de automóveis, foi localizado no Jardim Quietude. Suspeitos teriam abandonado o carro ligado e fugido a pé por uma passarela próxima. Perto do veículo foi encontrado um carregador de fuzil, cápsula deflagrada e carregador de pistola.

A equipe do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que vai investigar o caso, coletou vestígios no local onde os carros foram encontrados. Os veículos foram apreendidos e vão passar por perícia.

Uma câmera de segurança registrou a ação dos criminosos (assista abaixo). Ruy Ferraz Fontes dirigia um carro em aparente fuga, quando bateu em um ônibus e capotou o veículo. Na sequência, os bandidos desembarcaram de outro carro que seguia atrás e dispararam vários tiros contra o veículo do delegado.

Ruy Ferraz Fontes morreu no local, segundo o boletim de ocorrência. Após o assassinato, o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, anunciou uma força-tarefa e enviou mais de 100 policiais para o litoral em busca dos criminosos.

O carro usado pelos criminosos que executaram o ex-delegado Ruy Ferraz Fontes foi encontrado incendiado pelas autoridades na noite de segunda-feira, pouco tempo depois da confirmação do assassinato do agente.

Veja:

As autoridades também investigam a possível utilização de outro veículo no assassinato do ex-delegado. A Prefeitura de Praia Grande decretou luto oficial de três dias após o atentado.

O velório de Ruy Fontes começou às 10h desta terça-feira (16/9) na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). O sepultamento está marcado para 16h no Cemitério da Paz, no Morumbi, na zona sul da capital paulista. O corpo deve sair da Alesp às 15h.

Ruy Ferraz não tinha filhos. Ele deixa familiares e amigos.

Autoridades se manifestam

Guilherme Derrite, secretário da Segurança Pública de São Paulo, determinou a criação de uma força-tarefa “com prioridade” para prender os autores do crime.
Ainda segundo o secretário, o procurador-geral de Justiça, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, ofereceu o apoio do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do estado.
Mesmo sem ter relação com a investigação do caso, o secretário de Segurança Urbana da cidade de São Paulo, Orlando Morando, também usou as redes para expor sua “profunda tristeza” com o ocorrido.
Morando ainda cita a trajetória de Ruy Fontes e diz que ele deixará um “legado de compromisso e seriedade que muito contribuíram” para São Paulo.
Também nas redes sociais, o deputado estadual Delegado Olim (PP) prometeu caçar os envolvidos na execução do amigo.

Um vídeo obtido pelo Metrópoles mostra um novo ângulo (veja abaix0) do atentado. Na filmagem, é possível ver o carro do ex-delegado já capotado ao lado do ônibus e o momento em que os criminosos saem do carro. Motociclistas que estavam na via deixam suas motos e se escondem atrás de carros. Veja:

Quem era Ruy Ferraz

O ex-delegado Ruy Ferraz Fontes, de 64 anos, morto por criminosos suspeitos de integrar PCC, em Praia Grande, atuou por 40 anos na Polícia Civil e era especialista na facção paulista. Ele foi jurado de morte por Marco William Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder máximo da facção, em 2019, após o criminoso ser transferido para o sistema penitenciário federal.

Ferraz possuía especialização em Administração Geral e Financeira em Órgãos Públicos e participou de cursos complementares, como o Curso Anti-Drogas e Anti-Terrorismo, realizado pelo Ministério do Interior e da Segurança Pública da Polícia Nacional da França, além de curso de Aperfeiçoamento sobre Repressão às Drogas, em Vancouver, pela Polícia Montada do Canadá, conforme informou a Prefeitura de Praia Grande.

Ele iniciou a carreira como delegado de Polícia Titular da Delegacia de Polícia do Município de Taguaí, do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior (Deinter) 7.

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