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PCC na Faria Lima: entenda papel de padarias e conveniências no caso

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PCC na Faria Lima: entenda papel de padarias e conveniências no caso

A megaoperação do Ministério Público de São Paulo (MPSP) que aponta elo do Primeiro Comando da Capital (PCC) com empresas da Faria Lima mostra um complexo mecanismo de lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio de pessoas ligadas ao setor de combustível. As padarias e lojas de conveniência eram parte de uma intrincada engenharia de camadas, com nomes e donos sobrepostos, usadas para dificultar os verdadeiros beneficiados, diz a investigação.

A apuração do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) aponta que partes das empresas são constituídas em nomes de laranjas e encerradas rapidamente, passadas para o nome de outras pessoas e também com CNPJs em duplicidade. Tudo para criar uma espécie de confusão proposital, suspeitam os investigadores.

Um exemplo disso é a grande quantidade de padarias Iracema com CNPJs citados no inquérito. Na avenida Angélica, nos Campos Elíseos (centro de SP), a padaria Nova Iracema está no nome de Tharek Majide Bannout. No entanto, o inquérito também cita outros três estabelecimentos com nomes similares, dois deles na avenida Angélica. Padrão parecido acontece com empresas com o nome Salamanca.

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Parte dos estabelecimentos está em nome de Maria Edenize Gomes, moradora de Santo Amaro das Brotas (SE), município com 11 mil habitantes, suspeita de ser laranja no esquema. Sem vínculo empregatício localizado pelos investigadores, em menos de um ano, ela passou a ser sócia de 70 empresas, das quais 33 continuam ativas –parte delas são padarias.

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Operação Carbono Oculto

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Operação Carbono Oculto

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Megaoperação cumpre mandados contra esquema em postos de combustíveis e fintechs controlados pelo PCC

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Megaoperação cumpre mandados contra esquema em postos de combustíveis e fintechs controlados pelo PCC

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“As padarias sob sua titularidade [como “Salamanca” e “Iracema”] possuem indícios de vínculos com aquelas titularizadas por Tharek Majide Bannout, que também foi identificado em quadros societários de padarias [Nova Salamanca e Nova Iracema], sugerindo um padrão de empresas com nomes similares para ocultação”, afirma a apuração.

Maria Edenize ainda é apontada como proprietária de uma rede de padarias chamada Dubai. Já Tharek é descrito como sócio de empresas e em postos de combustíveis, cuja irmã é casada com um primo de Mohamed Houssein Mourad – apontado como principal investigado no caso, que seria o verdadeiro proprietário da formuladora Copape e da distribuidora Aster.

A investigação não enumera a quantidade de padarias envolvidas, mas entre os estabelecimentos citados e aqueles em nome de investigados, já é possível citar ao menos seis estabelecimentos que realmente funcionam.

Veja padarias ligadas a investigados

Conveniências

As conveniências são apontadas como lojas de fachada, sem finalidades econômicas reais ou com incongruências em seus dados, muitas vezes registradas em nomes de laranjas ou de familiares próximos de líderes do grupo, como Amine Mourad, irmã de Mohamed.

De acordo com a investigação, ela é titular da Khadige Conveniência Ltda (também conhecida como Empório Express Ltda), uma rede de conveniências com 168 filiais.

Outro homem apontado como suspeito de participar do esquema de lavagem via conveniências é Ricardo Romano, descrito na apuração do MPSP como figura-chave ligada ao grupo próximo de Mohamed Hussein Mourad. “Ele é explicitamente vinculado a atividades de lavagem de dinheiro e possui conexões com o Primeiro Comando da Capital”, diz a apuração.

A investigação cita uma complexa engenharia com a extinção das filiais da rede ligada a Amine em 2023. Segundo a apuração, a rede que assumiu foi o Group Potenza Atacadista, que teria sido “usados como ‘laranjas’ para conectar o grupo de Mohamad (rede de Amine) com o verdadeiro beneficiário final”. Ricardo Romano, segundo o MPSP, constituiu 18 novas conveniências, denominadas Strawberry Lojas de Conveniências, nos mesmos endereços das lojas de Amine. Posteriormente, as lojas foram transferidas para um suposto testa de ferro, diz a investigação.

Carbono Oculto

A megaoperação Carbono Oculto foi instaurada para combater um esquema criminoso no setor de combustíveis e desmantelar um esquema de fraudes e de lavagem de dinheiro. Estão na mira da investigação vários elos da cadeia de combustíveis controlados pelo crime organizado, desde a importação, produção, distribuição e comercialização ao consumidor final até os elos finais de ocultação e blindagem do patrimônio, via fintechs e fundos de investimentos.

Segundo a Receita Federal, uma rede de 1.200 postos movimentou mais de R$ 52 bilhões, entre 2020 e 2024, mas pagou apenas R$ 90 milhões (0,17%) em impostos. Para lavar dinheiro do esquema, o grupo teria usado 40 fundos com patrimônio de R$ 30 bilhões, geridos por operadores da Faria Lima, centro financeiro do país.

Entre os alvos da operação, batizada de Carbono Oculto, estão as instituições financeiras BK e Banrow, as usinas sucroalcooleiras Itajobi e Carolo e os operadores Mohamad Hussein Mourad, conhecido como Primo ou João, e Roberto Augusto Leme da Silva, o Beto Louco. Ambos são ligados à distribuidora Aster e à Copape.

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