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PCC usa carroceiros para abastecer Cracolândia com droga, diz MPSP

PCC usa carroceiros para abastecer Cracolândia com droga, diz MPSP

Para garantir o abastecimento na região da Cracolândia, o Primeiro Comando da Capital (PCC) utilizava carroceiros para transportar a droga da Favela do Moinho, apontada como núcleo da facção no centro da capital, até os pontos de venda. A afirmação foi feita pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) na representação que deu origem à Operação Sharpe nessa segunda-feira (8/9).

Segundo os promotores do Gaeco, traficantes saíam da comunidade com carrinhos de supermercado carregados de entorpecentes, se passando por trabalhadores dos ferros-velhos da região. A distribuição seria coordenada por Paulo Rogério Dias, alvo de um dos mandados de prisão.

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“O processo envolve a ação de carroceiros que saem da favela com o objetivo declarado de recolher entulho para a venda nos ‘ferros-velhos’ da região, que transportam os entorpecentes acondicionados de forma dissimulada em sacolas”, dizem os promotores.

“As carroças saem da comunidade por meio de seu acesso principal mediante a coordenação direta de Paulo, que se apresenta publicamente como dono das carroças”, acrescentam.

Carrinhos saindo da favela do Moinho em direção à Cracolândia - Metrópoles

Além de Paulo Rogério Dias, outras nove pessoas foram alvos de mandados de prisão na operação dessa segunda-feira. Entre elas, Alessandra Moja Cunha, irmã de Leonardo Moja, o Leo do Moinho, apontado como integrante do PCC responsável por controlar o tráfico de drogas na Cracolândia. Segundo o MPSP, após a prisão de Leo do Moinho, em agosto, Alessandra teria assumido o controle do negócio.

Antes de ser distribuída para a região central da capital, a droga ficaria armazenada em pelo menos três “casas bomba”. Em um ponto de venda dentro da própria comunidade, os entorpecentes eram guardados dentro de um bueiro.

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Leo do Moinho

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Alessandra Moja, irmã de Leonardo Moja, conhecido como Leo do Moinho

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Favela do Moinho tem forte presença do PCC e moradores extorquidos ao se mudarem para casas da CDHU

Governo de SP/Reprodução4 de 12

Ruas de terra, barracos de madeira e fios emaranhados fazem parte do cenário da Favela do Moinho

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Lixo em barraco onde vivia acumulador na Favela do Moinho

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Entulhos se acumulam em pontos onde houve descaracterização de casas

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Casa vazia após antigos moradores se mudarem

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Moradores que permanecem no local dividem ruas com casas descaracterizadas. Na imagem, imóvel ainda ocupado tem santuário à frente

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PMs na Favela do Moinho

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Crianças na Favela do Moinho

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PMs usaram escudo para avançar contra protesto na linha 8-Diamante

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Protesto na entrada da Favela do Moinho

Jessica Bernardo / Metrópoles

Além desses locais, o grupo criminoso fazia uso de dois bares para abrigar traficantes e materiais ilícitos: o Moinho Lounge, que pertenceria a Claudio dos Santos Celestino, o “Xocolate”, e o Bar do Jorge, propriedade de Jorge Santana. Ambos foram alvos da operação.

A família de Léo do Moinho também estaria diretamente ligada à disciplina do PCC na região, de acordo com os promotores. Leandra Maria de Lima, irmã da esposa do traficante, seria a responsável por garantir que os moradores da comunidade vivessem de acordo com as regras da facção.

Segundo o MPSP, Leandra contava com apoio de Ronaldo Batista de Almeida, o “Chorão”, e Reginaldo Terto da Silva, o “Naldo”. A dupla teria a responsabilidade de garantir que os imóveis pertencentes a Leonardo Moja não fossem invadidos, enquanto moradores aderem ao programa habitacional do governo federal em parceria com o governo de São Paulo, que pretende desapropriar as casas.

Extorsões e propina

Na representação que deu origem à Operação Sharpe, os promotores deram detalhes sobre como o PCC cobrava propina de moradores da comunidade que fizeram acordo com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) para se mudar da região.

Conforme revelado pelo Metrópoles em julho, o PCC estaria cobrando uma “multa” de até R$ 100 mil dos inquilinos das casas da Favela do Moinho que abandonaram os imóveis, permitindo que eles fossem descaracterizados pelo governo do estado.

De acordo com o MPSP, o esquema de extorsão também seria comandado por Alessandra Moja.

“Foi identificada a existência de grupo criminoso organizado que cobra propina das famílias beneficiadas pelo acordo com a CDHU, somente autorizando o cadastro e a assinatura mediante o pagamento de valores à família Moja”, dizem promotores. O dinheiro da cobrança de propinas e do tráfico de drogas, segundo o MPSP, seria lavado por meio de empresas de sucata.

“Tanto os valores arrecadados neste contexto como os recursos derivados das demais atividades ilegais controladas por ‘Léo do Moinho’ são arrecadados por Alessandra com o intuito de branqueamento para Roberto Gonçalves da Cruz e para as empresas Comércio Aparas Papel Liberdade LTDA e Geral Sucatas EIRELI, investigadas no âmbito da Operação Salus et Dignitas”, diz a representação.

Operação Sharpe

 

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