Aprovada com folga na Câmara dos Deputados na noite da terça-feira (16/9), a chamada PEC da Blindagem deverá enfrentar resistência maior no Senado.
Senadores da base do governo Lula e até do Centrão ouvidos pela coluna têm se posicionado totalmente ou parcialmente contra a proposta.
VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto
BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto
Marcos Oliveira/Agência Senado
Sergio Moro criticou Moraes por restrições contra Bolsonaro e comparou caso à prisão de Lula em 2018
Hugo Barreto/Metrópoles
Presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Otto Alencar (PSD-BA) disse à coluna ser contra a PEC e que trabalhou contra ela na Câmara.
O senador baiano contou que chegou a ir pessoalmente à Câmara para pedir que os deputados de seu partido não aprovassem a medida.
Otto afirmou ainda que não pretende dar celeridade à PEC quando ela chegar para ser analisada pela CCJ, como prevê o regimento do Senado.
“Ainda não conversei com Davi. Se for para a CCJ, eu vou dizer que não. O relator não vai ser nada urgente. Vai entrar na fila das matérias que são importantes para o Brasil e que estamos votando, inclusive a Lei Complementar da Reforma Tributária. Minha posição é completamente contrária”, declarou.
Leia também
-
Empenho de Motta na PEC da Blindagem chama atenção de deputados
-
Lula nega apoio à PEC da Blindagem e vê influência de cacique em texto
-
PL tenta ampliar PEC da Blindagem para tratar de imunidade parlamentar
-
PEC da Blindagem dará foro no STF para presidentes de 14 partidos
O senador Alessandro Vieira (MDB-SE) também diz ser contra a PEC, chamada por ele “aberração”. Ele admite, porém, que derrotar a proposta exigirá esforço.
“Uma aberração. Acredito que é possível barrar, com bastante esforço”, disse Vieira à coluna nesta quarta-feira (17/9).
Sergio Moro (União-PR) também se posicionou contra a PEC. Nas redes sociais, ele afirmou que a proposta é o “remédio errado para um problema real”.
“Assistimos a frequentes violações da imunidade material dos parlamentares. Parlamentar não pode ser processado por ‘crime’ de opinião a pretexto de preservar instituições de críticas. Outra coisa é inviabilizar, na prática, investigações e processos contra parlamentares por crimes comuns”, declarou.
Sob reserva, caciques do União Brasil preveem que a PEC da Blindagem deve dividir a bancada do partido no Senado e que a sigla deve liberar seus senadores.
Senadores de centro defendem rever alguns pontos da PEC. Entre eles, o que prevê foro no STF para presidentes nacionais de partidos.
O que é a PEC da Blindagem?
O texto da PEC prevê que qualquer investigação ou prisão de deputados e senadores só poderá ocorrer com autorização do Congresso.
A proposta também determina que presidentes nacionais de partidos com representação no Congresso sejam julgados diretamente pelo STF.