A família do aposentado José Silva Barros, 80 anos, que se encontra em estado terminal e necessita de cuidados paliativos, acusa a equipe médica da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Sobradinho II de ter causado feridas ocasionada por maus-tratos.
O engenheiro José Ricardo Vidigal Barros, 41 anos, afirmou que, desde o primeiro atendimento, a equipe médica não foi cuidadosa com o pai, que tem vários machucados na pele na região das costas, braços e pernas. “O pessoal judiou tanto dele que as veias dele já não conseguem ser furadas, e ele tem vários cortes na pele. O pior machucado está nas costas. Meu pai está com a pele toda rasgada”, destacou.
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reprodução
Ferida na perna teria sido causada pelos maus-tratos contra o idoso
Material cedido ao Metrópoles
José Vidigal ressaltou que, no último sábado (6/9), o pai teria recebido a notícia de que o estado de saúde é irreversível. A última intervenção médica utilizada teria sido o uso de antibióticos, que acabou não funcionando. Apesar da sua condição, o idoso teria recebido sua terceira alta médica na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Sobradinho II, em menos de duas semanas.
Após o médico conceder a terceira alta em poucos dias – por entender que o aposentado teria condições de ficar em casa – José Ricardo foi reclamar com a diretoria da UPA e a equipe da unidade hospitalar teria reconsiderado a medida, admitindo o idoso internado por mais um dia, mas a liberação médica seguiria ativa.
José Silva segue internado na unidade de saúde até a manhã desta quinta-feira (11/9), mas pode receber alta a qualquer momento.
Em imagens cedidas ao Metrópoles, é possível ver o homem gemendo de dor, por não estar recebendo morfina naquele momento. De acordo com a família do paciente, o médico teria se recusado a dar medicação ao idoso pelo acesso central, além de ter retirado o oxigênio que auxiliava o aposentado a respirar.
A condição de José Silva teria se agravado após contrair o vírus influenza, agravado por uma pneumonia grave no começo deste mês, além do homem já ser portador de diabetes. O idoso não consegue mais reconhecer nenhum membro da família.
“Desumano”
“Meu pai necessita de sonda gástrica e na bexiga, além de morfina na veia para aliviar a dor. É desumano o que estão fazendo com ele. Como que eu vou tratar uma pessoa em casa, se ele está gritando de dor? Como vou cuidar dele se não sei manusear uma sonda? “, questionou o engenheiro.
José Silva recebeu alta duas vezes e o filho acredita que o estado de saúde dele possa ter sido agravado por esse fato. “A gente acha que ele piorou por não ter sido bem tratado, porque ele acabou ficando mal depois de ter que voltar para casa”, disse.
Vidigal afirma que quando o pai ingressou na unidade de saúde pela primeira vez, foi solicitado que ele assinasse um documento comprovando que estava ciente com os possíveis tratamentos. “Quando entrei com meu pai, eles disseram que tinham duas opções: intubar ou fazer tratamento paliativo”, informou.
José Ricardo ressaltou que o caso de seu pai não é o único registrado na unidade de saúde. “Várias pessoas que estão internadas com o mesmo problema. Quando eles veem que a pessoa não tem mais como se recuperar, eles descartam a pessoa. Eles praticamente desovam os pacientes em estado terminal”.
O engenheiro revelou que entende que a equipe médica não pode reverter o estado de saúde do pai, mas a família almeja que ele receba melhores cuidados. “A gente sabe que os médicos já fizeram o que tinha que ser feito, mas o que a gente quer é que meu pai tenha dignidade durante os últimos dias dele”, destacou Vidigal.
Os parentes do paciente em estado terminal vão buscar apoio no Hospital de Apoio de Brasília (HAB) e caso não consigam, vão entrar na Justiça em busca de um lugar em um leito de enfermaria.
Vidigal afirmou que a família está buscando que o pai seja transferido “Eu estou cobrando que eles coloquem meu pai na regulação desses leitos para que a gente consiga levar ele para o Hospital de Apoio, ou qualquer outro hospital que tenha enfermaria”, explicou José Ricardo.
O que diz o Iges
O Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), responsável pelas UPA’s do Distrito Federal foi acionado sobre o caso. Após a publicação desta reportagem, o instituto se manifestou por meio de nota, alegando que o paciente “foi atendido e avaliado por equipe médica, recebeu todos os cuidados e tratamento adequado dentro do seu quadro de saúde, sendo sanado o motivo de internação, com indicação de alta médica”.
Sobre a denúncia de maus-tratos, o Iges disse que “a UPA de Sobradinho repudia veementemente qualquer tipo de violência e agressão contra seus usuários e reforça que preza pelo acolhimento e humanização de forma individualizada com todos os pacientes que buscam serviços na unidade”.