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PF aponta corrupção sistêmica no setor de mineração em Minas Gerais

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PF aponta corrupção sistêmica no setor de mineração em Minas Gerais

A investigação sobre crimes ambientais e corrupção de servidores públicos do setor de mineração levou a Polícia Federal (PF) a apontar um esquema de “corrupção sistêmica” na área em Minas Gerais.

Para a PF, tal corrupção sistêmica pode ser definida como aquela que se “incrusta” nas estruturas dos poderes e em agências governamentais, promovendo “relações espúrias entre altos agentes públicos e privados, visando ganhos particulares em detrimento do interesse público”.

Para embasar a argumentação, a corporação cita mais de uma dezena de servidores públicos que estariam de alguma forma envolvidos no esquema investigado. A maioria deles tem ligações com órgãos estaduais de Minas Gerais.

Como mostrou a coluna, um dos principais alvos das operações sobre o tema deflagradas pela PF na última semana foi o empresário Alan Cavalcante Nascimento, dono de uma mineração que atuava na Serra do Curral (MG).

Nascimento foi alvo de uma mandado de prisão preventiva, assim como o Diretor da Agência Nacional de Mineração (ANM), Cáio Mário Seabra Filho, e o ex-diretor da PF, Rodrigo Teixeira.

No âmbito da operação Rejeito, uma das deflagradas na semana passada, também houve determinação para afastamento de três servidores: Fernando Baliani da Silva, da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), Breno Esteves Lasmar, do Instituto Estadual de Florestas (IEF) e Fernando Benício de Oliveira Paula, do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam). Todos os órgãos de Minas Gerais.

Os três são citados pela PF para reforçar a tese de que a organização criminosa, supostamente liderada por Alan Nascimento, teria ramificações dentro do poder público estadual.

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PF durante operação Rejeito na manhã de quarta-feira (17/9)

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PF durante operação Rejeito na manhã de quarta-feira (17/9)

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O ex-diretor da PF, Rodrigo Teixeira

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Caio Mário Trivellato Seabra Filho, diretor da ANM

Divulgação/Senado

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Leia abaixo os demais funcionários públicos citados e suas respectivas funções, segundo a PF: 

Assim como outras pessoas ligadas a órgãos federais, como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan) e a ANM, os citados são incluídos pela PF no “núcleo de servidores públicos” – apenas um dos diversos braços da organização criminosa, que também incluía núcleo jurídico, financeiro, gerencial e de investidores.

De acordo com a apuração, há indícios “contundentes de uma organização criminosa altamente estruturada, com infiltração em diversos níveis da administração pública, uso de empresas para disfarçar atividades ilícitas, e fortes indícios de corrupção sistêmica no setor de mineração e meio ambiente em Minas Gerais”.

O argumento é endossado na decisão da Justiça Federal de Minas Gerais, que autorizou as ações da PF. Segundo o documento, “de fato há fortes indícios de corrupção sistêmica no setor de mineração e meio ambiente” no estado, corroborando com a tese da PF que a organização atuava mediante pagamento de propina e diversas fraudes, dando andamento a projetos de exploração minerária.

Operações contra crime ambiental

As investigações que culminaram nas ações da PF investigam uma organização criminosa que teria faturado cerca de R$ 1,5 bilhão por meio de crimes ambientais e corrupção de servidores públicos.

Segundo as apurações, o grupo teria corrompido servidores públicos em diversos órgãos estaduais e federais de fiscalização e controle na área ambiental e de mineração para obter autorizações e licenças ambientais fraudulentas.

Essas autorizações eram utilizadas para explorar irregularmente minério de ferro em larga escala, incluindo locais tombados e próximos a áreas de preservação. Segundo a PF, a s atividades teriam graves consequências ambientais e elevado risco de desastres sociais e humanos.

“A organização criminosa teria atuado para neutralizar a ação do Estado, dificultando as investigações e monitorando autoridades. Além disso, utilizou diversos artifícios para lavar o dinheiro obtido com as práticas ilícitas”, afirma a PF.

Os investigados poderão responder por crimes ambientais, usurpação de bens da união, corrupção ativa, corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e embaraçamento à investigação de organização criminosa.

Defesa

A coluna entrou em contato com o governo de Minas Gerais, que disse não compactuar com desvios de condutas de quaisquer servidores e preserva o direito ao contraditório e a ampla defesa.

Afirma que a atual gestão está tomando “todas as medidas administrativas cabíveis”, incluindo a exoneração e afastamento dos servidores do Sisema e do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG).

“Os ilícitos que tenham impactado erroneamente em decisões do Sisema também poderão ser revistos”, afirma o governo mineiro em nota.

O executivo estadual também afirma que, por meio da Controladoria-Geral do Estado (CGE-MG) e da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), o Governo de Minas segue colaborando com a PF e as demais autoridades competentes, “visando a apuração idônea dos fatos e a punição exemplar aos responsáveis”.

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