A Polícia Federal (PF) pediu a prisão do advogado Nelson Wilians na Operação Cambota, desdobramento da Sem Desconto, que investiga descontos indevidos feitos por entidades na folha de pagamento de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
O pedido, no entanto, foi negado pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal, relator do caso. O ministro autorizou apenas as prisões de Maurício Camisotti e de Antonio Camilo Antunes, o Careca do INSS.
Como mostrou a coluna, o advogado é investigado por suspeita de lavar dinheiro do empresário Maurício Camisotti, ligado a pelo menos três entidades investigadas pela PF.
“Quanto ao pedido relacionado a Nelson Willians Fratoni Rodrigues, entendo haver elementos suficientes para embasar a decretação de outras medidas de natureza instrutória, o que se será apreciado em apreciado em autos próprios”, diz trecho da decisão de Mendonça.
Segundo o ministro, embora haja “fundada suspeita de participação” do advogado “nos graves crimes apurados”, não há risco de fuga ou tentativa de obstrução da investigação pelo advogado.
“(…) Apesar da relevância dos fatos apurados em relação esse investigado, os quais subsidiam a necessidade de continuidade e aprofundamento das diligências investigatórias em curso contra sua pessoa”, diz a decisão.
De acordo com a PF, Wilians “apresenta-se como engrenagem necessária, utilizada por Maurício Camisotti, para ocultação e branqueamento dos recursos provenientes das entidades.”
“As comunicações do COAF apresentam, de forma clara e objetiva, que Maurício Camisotti possui Nelson Wiliams como meio para auferimento de recursos ilícitos”, diz trecho da decisão.
Defesa
Em nota, Nelson Wilians afirmou que tem colaborado integralmente com as autoridades e que “confia que a apuração demonstrará sua total inocência”. Também disse que a ligação entre ele e um dos investigados s restringe à relação profissional.
“Nelson Wilians já afirmou, anteriormente, que sua relação com um dos investigados — seu cliente na área jurídica — é estritamente profissional e legal, o que será comprovado de forma cabal. Os valores por ele transferidos referem-se à aquisição de um terreno vizinho à sua residência, transação lícita e de fácil comprovação”, afirma.
“Ressaltamos que a medida cumprida é de natureza exclusivamente investigativa, não implicando qualquer juízo de culpa ou responsabilidade. O advogado permanece à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários e reafirma seu compromisso com a legalidade e a transparência”, escreveu.
Já a defesa do empresário Maurício Camisotti afirma que não há qualquer motivo que justifique sua prisão no âmbito da operação que apura fraudes no INSS e aponta para uma “arbitrariedade” supostamente cometida durante a ação policial.
Segundo os advogados, Camisotti teve seu celular retirado das mãos no exato momento em que falava com seu advogado. “Tal conduta afronta garantias constitucionais básicas e equivale a constranger um investigado a falar ou produzir prova contra si próprio”, afirma a defesa.
“A defesa reitera que adotará todas as medidas legais cabíveis para reverter a prisão e assegurar o pleno respeito aos direitos e garantias fundamentais do empresário”, conclui a nota.