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PF suspeita de vazamento de operação para Careca do INSS e empresário

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PF suspeita de vazamento de operação para Careca do INSS e empresário

Um dos motivos que levaram prisão do “Careca do INSS” na última sexta-feira (12/9) foi a suspeita, levantada pela Polícia Federal (PF), de que os investigados pela operação Sem Desconto, que mira fraudes no Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), teriam obtido informações sigilosas sobre as ações deflagradas em abril deste ano por meio do “vazamento da operação”.

A Sem Desconto foi deflagrada em 23 de abril de 2025, e teve como alvos diversos suspeito de envolvimento com os descontos indevidos das folhas de pagamento de aposentados e pensionistas do INSS por meio de descontos associativos.

Como desdobramento, na última sexta-feira (12), o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a prisão de Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS” e apontado como um dos operadores do esquema.

O empresário Maurício Camisotti, ligado a pelo menos três entidades investigadas pela PF, foi igualmente preso. As ações da operação também tiveram como alvo o advogado Nelson Wilians, investigado por suspeita de lavar dinheiro de Camisotti.

Como mostrou a coluna, a PF chegou a pedir a prisão de Wilian, mas o requerimento foi negado pelo ministro André Mendonça, relator do caso, para quem, embora haja “fundada suspeita de participação” do advogado “nos graves crimes apurados”, não há risco de fuga ou tentativa de obstrução da investigação por Wilians.

Em representação da PF enviada ao Supremo, os agentes afirmam que denúncia recebida pela PF afirmava que três pessoas haviam “de forma repentina”, teriam acobertado veículos que alto valor no estacionamento de um shopping em Brasília no dia anterior à deflagração da primeira operação sobre fraudes, em 22 de abril.

Ao averiguar a informação no local no dia 25 de abril, a PF identificou três veículos de luxo: uma Ferrari e duas Mercedes-Benz.

“Durante o cumprimento da diligência o primeiro elo de ligação entre a ocultação de patrimônio e vazamento de parte da Operação Sem Desconto para alguns dos  investigados começou a ser descortinada”, afirma a PF.

Outro indício de que os investigados teria recebido informações privilegiadas acerca da operação foi constatada durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão na casa de Maurício Camisotti.

Segundo o relato da ação, a diligência foi cumprida sem intercorrências, mas os alvos não se encontravam no local. Segundo a empregada doméstica, o casal não havia dormido em casa na madrugada anterior, “sendo que estiveram presentes na manhã do dia 22/04, ausentando-se ainda naquele dia sem nada informarem”.

De acordo com inf9ormações obtidas com a segurança do condomínio, o alvo havia comunicado por mensagem que estaria viajando.

“A análise conjunta dos dois eventos revela elementos suficientes para indicar que Maurício Camisotti, Nelson Williams e Antonio Camilo tinham conhecimento da deflagração da Operação Sem Desconto, bem como da possibilidade de figurarem como alvos da ação policial em razão de suas condutas relacionadas à associação AMВЕС”, conclui a PF.

A PF ressalta que, embora o advogado Nelson Wilians não tenha sido alvo das diligências iniciais da operação Sem Desconto, de abril, ele acabou ” inserindo-se no contexto apurado, despertando a atenção dos investigadores em razão de sua vinculação financeira e não apenas profissional com o empresário Maurício Camisotti”.

Defesa

Em nota, a defesa do empresário Maurício Camisotti afirma que não há qualquer motivo que justifique sua prisão no âmbito da operação que apura fraudes no INSS e aponta para uma “arbitrariedade” supostamente cometida durante a ação policial.

Segundo os advogados, Camisotti teve seu celular retirado das mãos no exato momento em que falava com seu advogado. “Tal conduta afronta garantias constitucionais básicas e equivale a constranger um investigado a falar ou produzir prova contra si próprio”, afirma a defesa.

“A defesa reitera que adotará todas as medidas legais cabíveis para reverter a prisão e assegurar o pleno respeito aos direitos e garantias fundamentais do empresário”, conclui a nota.

Já a defesa de Nelson Wilians afirmou que tem colaborado integralmente com as autoridades e que “confia que a apuração demonstrará sua total inocência”. Também disse que a ligação entre ele e um dos investigados s restringe à relação profissional.

“Nelson Wilians já afirmou, anteriormente, que sua relação com um dos investigados — seu cliente na área jurídica — é estritamente profissional e legal, o que será comprovado de forma cabal. Os valores por ele transferidos referem-se à aquisição de um terreno vizinho à sua residência, transação lícita e de fácil comprovação”, afirma.

“Ressaltamos que a medida cumprida é de natureza exclusivamente investigativa, não implicando qualquer juízo de culpa ou responsabilidade. O advogado permanece à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários e reafirma seu compromisso com a legalidade e a transparência”, escreveu.

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