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Por que as séries ainda apostam em triângulos amorosos entre irmãos?

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Por que as séries ainda apostam em triângulos amorosos entre irmãos?

As séries como O Verão que Mudou Minha Vida, The Vampire Diaries e Minha Vida com os Irmãos Walter têm em comum triângulos amorosos envolvendo irmãos como centro da narrativa. Esta não é estritamente uma tendência recente. Alguns dos maiores e mais amados dramas envolvem ou dependem completamente de histórias de competição entre irmãos.

The Vampire Diaries (2009) segue a humana Elena escolhendo entre os irmãos vampiros imortais Stefan e Damon. Em One Tree Hill, que começou em 2003, a líder de torcida Peyton é uma amante intermitente dos irmãos obcecados por basquete Nathan e Lucas. E, voltando ainda mais no tempo, até no clássico Mulherzinhas, de Louisa May Alcott, vemos o vizinho Laurie escolher a irmã Amy em vez de seu amor de longa data Jo.

Apesar desse padrão narrativo despertar fascínio no público, também levanta debates sobre os limites entre entretenimento e a romantização de dinâmicas potencialmente tóxicas.

A psicóloga Olívia Benetasso aponta que o fascínio pelos triângulos amorosos envolvendo irmãos pode estar ligado a fatores psicológicos e até culturais. “Do ponto de vista narrativo, esse recurso cria uma tensão dramática muito forte, pois envolve amor, lealdade, ciúmes e rivalidade, sentimentos universais com os quais o público facilmente se identifica.”

“Há também o apelo da “fantasia proibida”, ou seja, situações que dificilmente seriam vividas na realidade, mas que na ficção despertam curiosidade e prendem a atenção do público. Além disso, muitas dessas produções são direcionadas a adolescentes e jovens adultos, fase em que os dilemas sobre amor, escolha e identidade são intensos, fazendo com que esses enredos ganhem ainda mais apelo”, acrescenta.

Olívia ainda explica que, apesar de atrair audiência, romantizar triângulos amorosos entre irmãos pode ser problemático. “Em primeiro lugar, porque reforça a ideia de que o amor precisa ser vivido no sofrimento, no conflito ou em dinâmicas de competição, o que pode distorcer a forma como os jovens percebem relacionamentos saudáveis.”

A psicóloga também salienta que, ao trazer esse tipo de disputa dentro do ambiente familiar, a narrativa pode normalizar relações tóxicas e confusas, em que limites importantes deixam de ser respeitados.

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“É um tipo de trama que, sem o devido senso crítico, pode contribuir para a naturalização de relações amorosas marcadas por rivalidade, ciúmes excessivos ou até mesmo ausência de consentimento claro”, reforça.

Segundo a profissional, muitas narrativas culturais reforçam a ideia de que o amor verdadeiro precisa ser sofrido ou conquistado a duras penas. E essa associação entre amor e dor pode levar jovens a acreditarem que relacionamentos intensos e cheios de conflitos são mais “reais” ou apaixonantes, quando, na verdade, na vida prática, isso muitas vezes significa que a relação é tóxica e instável.

Minha Vida com os Irmãos Walter

“As produções que romantizam ciúmes, posse e rivalidade acabam reforçando comportamentos nocivos. O ciúme excessivo, por exemplo, aparece como sinal de paixão, quando, na realidade, pode ser um alerta de falta de segurança emocional e controle sobre o outro. Quando esses padrões são repetidos em tramas populares, há o risco de normalizar atitudes que, em um relacionamento real, seriam sinais de alerta para abuso emocional e perda de autonomia”, emenda a especialista.

Vale ressaltar que, embora a ficção não precise ser um retrato fiel da realidade, ela tem forte impacto na forma como construímos expectativas sobre nossos relacionamentos. “Quando a mídia romantiza disputas amorosas entre irmãos ou situações de rivalidade extrema, acaba reforçando o mito de que ‘quem ama, sofre’ ou de que relações intensas precisam ser conflituosas.”

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