O Centro de Progressão de Pena (CPP) “Dra. Marina Marigo Cardoso de Oliveira”, no Butantã, na zona oeste de São Paulo, de onde uma mulher foi resgatada e fugiu nesta quinta-feira (18/9), opera em condições precárias e com problemas estruturais.
Ao Metrópoles, fontes do Sistema Penitenciário afirmaram que o CPP tem déficit de funcionários que atuam nas instalações internas do presídio. O número de agentes armados responsáveis pela fiscalização nas dependências externas do prédio também seria menor que o ideal. A unidade ainda teria registrado problemas em viaturas usadas para escoltas de presos.
CPP Feminino “Dra. Marina Marigo Cardoso de Oliveira”, na zona oeste de São Paulo, foi inaugurado em 1990
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Vistorias da Defensoria Pública destacaram problemas estruturais e condições precárias no CPP
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Rafaela Sampaio Camorim foi resgatada e fugiu do presídio nesta quinta-feira (18/9)
Reprodução/Redes Sociais
Em 2021, a Defensoria Pública do Estado de São Paulo solicitou a transferência imediata das detentas do CPP após uma vistoria revelar problemas nas instalações do prédio. Já no ano passado, um relatório do Núcleo Especializado em Situação Carcerária (NESC) concluiu que “o CPP do Butantã vive, sim, um estado de coisas inconstitucional do sistema carcerário”, com presas vivendo sob condições indignas em instalações precárias. “Sobram violações, agressões e humilhações.”
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A fuga de Rafaela Sampaio Camorim também não é novidade. Em 2024, sete presos fugiram do presídio em apenas 48h.
Segundo a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), o CPP do Butantã foi inaugurado em novembro de 1990 e possui área de 7300 m². Dados de março deste ano indicam que a capacidade da prisão é de 1412 pessoas e 836 pessoas estão detidas no local.
Fuga cinematográfica
Rafaela Sampaio Camorim, conhecida como “Princesinha”, estava presa no CPP do Butantã e foi resgatada no início da tarde desta quinta-feira (18/9). Conforme apurado pelo Metrópoles, um casal armado invadiu a penitenciária, rendeu vigilantes e ajudou no resgate da mulher. Autoridades realizam buscas na região.
De acordo com a Polícia Militar (PM), os comparsas foram até a prisão e aproveitaram o momento em que um caminhão fazia entregas para render vigilantes e invadir a penitenciária. A dupla, então, adentrou o refeitório do local, trancou uma agente de segurança em um banheiro e resgatou a presa.
Com a ajuda do casal, a mulher deixou a prisão e fugiu. Os suspeitos seguiram no sentido da Rodovia Raposo Tavares e a Polícia Militar Rodoviária foi acionada. Helicópteros auxiliam nas buscas. Ainda conforme a PM, a motivação da fuga seria pela transferência da detenta ao regime fechado.
Princesinha do crime
- Nas redes sociais, o perfil de Rafaela Sampaio Camorim ressalta a experiência da jovem de 27 anos como recepcionista.
- A biografia diz que a mulher é capaz de “oferecer amplo suporte administrativo” e destaca múltiplas habilidades “com uma postura cordial e assertiva”.
- A página da criminosa ainda alega que ela se formou em pedagogia pela Faculdade São Bernardo, em 2020.
- Fora das redes sociais, no entanto, Rafaela assumia uma identidade totalmente diferente. Ela comandava uma quadrilha especializada em roubos de carros de luxo e foi condenada a 12 anos de prisão.
- A “Princesinha do crime” foi capturada em janeiro de 2022, aos 23 anos, após uma ação da Polícia Militar e da Guarda Civil Municipal (GCM) de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. Na ocasião, as autoridades apreenderam cinco veículos roubados.