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    Sindicatos pressionam Macron a abandonar medidas econômicas

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    Os sindicatos franceses deram um “ultimato” nesta sexta-feira (19/9) ao novo primeiro-ministro da França, Sébastien Lecornu, e estipularam um prazo até quarta-feira (24/9) para que ele responda “às reivindicações”.

    As centrais sindicais ameaçaram organizar um novo dia de manifestações no país na próxima quarta-feira (24), caso o premiê mantenha algumas das medidas de contenção de gastos propostas.

    Após os protestos de quinta, os representantes das oito centrais sindicais francesas se reuniram para definir sua estratégia e o “sucesso” da mobilização, que reuniu centenas de milhares de pessoas.

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    Segundo os sindicatos, as manifestações demonstram “a raiva e a determinação” que tomam conta de diversas categorias da população no país. Embora o premiê francês tenha anunciado na semana passada o abandono da medida que previa o fim de dois feriados, para as centrais sindicais “a conta ainda não fecha”.

    Em um comunicado divulgado na sexta, os sindicatos exigem “o abandono de todo o projeto” apresentado neste verão europeu pelo ex-premiê François Bayrou. O pacote de medidas proposto pelo ex-chefe do governo incluía o corte de 3.000 cargos de funcionários públicos, a reforma do seguro-desemprego e mudanças no sistema de reembolso de gastos médicos, além de uma discussão sobre a manutenção do feriado do 1º de Maio.

    Reunidos pela primeira vez desde 2023 e da mobilização contra a polêmica reforma da Previdência, os sindicatos continuam exigindo “o abandono do aumento da idade legal de aposentadoria” para 64 anos. “Se até 24 de setembro ele não tiver respondido às suas reivindicações, as centrais sindicais se reunirão para decidir rapidamente uma nova jornada de greve e manifestações”, alertam.

    Negociações salariais

    “As centrais sindicais exigem a abertura de negociações salariais em todos os setores e empresas. Sabemos que há um déficit que precisa ser reduzido”, mas “isso não pode ser feito apenas às custas dos trabalhadores”, afirmou na noite de quinta-feira Marylise Léon, líder do CFDT, o maior sindicato do país, em entrevista à rádio francesa RTL.

    Segundo a líder do maior sindicato da França, “a bola está no campo do primeiro-ministro, que nos disse que buscava um compromisso e estava disposto a ceder. Agora queremos provas.”

    “Estamos em posição de força e exigimos respostas imediatas”, acrescentou a líder da CGT (Confederação Geral do Trabalho), Sophie Binet, nesta quinta-feira, em entrevista ao canal France 5. “Não vamos guardar as bandeiras enquanto não tivermos vencido”.

    Premiê receberá sindicatos

    Após as manifestações de quinta, Sébastien Lecornu informou que receberá “novamente as forças sindicais”. O primeiro-ministro deve “abrir negociações sérias com base nas reivindicações”, avaliou esta semana o ex-presidente François Hollande, em entrevista à imprensa.

    Caso contrário, “se um movimento social se instalar, ele complicará o debate orçamentário. Por outro lado, se avanços forem obtidos, eles deverão se refletir no orçamento e no Projeto de financiamento da Seguridade Social”, disse o ex-chefe de Estado socialista.

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