A Prefeitura de Sorocaba, no interior de São Paulo, solicitou, de forma cautelar, a retirada de um livro infantil da rede municipal de ensino, proibindo seu uso em sala de aula, após pais reclamarem do conteúdo da obra. O teor das queixas não foi divulgado.
Exemplares do livro em questão, intitulado ABC Doido, de Ângela Lago, foram encaminhados às escolas em 2012, por meio do Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), do governo federal, e agora estão sendo recolhidos pela Secretaria da Educação (Sedu) do município.
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Trecho do livro infantil ABC Doido, de Ângela Lago
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Capa do livro infantil ABC Doido, de Ângela Lago
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Trecho do livro infantil ABC Doido, de Ângela Lago
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Trecho do livro infantil ABC Doido, de Ângela Lago
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Trecho do livro infantil ABC Doido, de Ângela Lago
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ABC Doido, de Ângela Lago
Publicado pela editora Melhoramentos em 2020, o ABC Doido é uma espécie de “livro-jogo” que estimula a alfabetização de forma lúdica. Com rimas, e incentivando risadas e descobertas, o livro utiliza texto em letra bastão, isto é, letras maiúsculas isoladas, retas e uniformes, o que auxilia as crianças a dar os primeiros passos no processo de leitura e escrita.
Em ABC Doido, Ângela Lago propõe brincadeiras para todas as idades, abrindo uma porta para as primeiras leituras através das adivinhas.
A obra conquistou diversas premiações, como o Prêmio Jabuti, na categoria Melhor Livro Infantojuvenil, e o título de “altamente recomendável” pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), na categoria Criança.
O FNLIJ também deu ao livro o prêmio Ofélia Fontes, na categoria “o melhor para a criança”. Em 2013, foi incluído entre as obras complementares do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).
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Vereadora pede esclarecimentos
A vereadora de Sorocaba Iara Bernardi (PT) entrou com um requerimento, nesta quarta-feira (3/9), na Câmara Municipal da cidade solicitando esclarecimentos sobre o recolhimento dos exemplares.
“A decisão de recolher e proibir a utilização de uma obra literária no ambiente escolar é medida de grande impacto pedagógico e cultural, devendo ser acompanhada de fundamentação clara e pública”, afirmou.
Ela destacou ainda que Ângela Lago “é referência na literatura infantil brasileira” e citou os prêmios dados ao título. “Trata-se de um trabalho reconhecido nacionalmente, tendo recebido importantes premiações”, disse a parlamentar.
Por isso, Bernardi questiona:
- Quais os fundamentos técnicos, pedagógicos e/ou jurídicos que embasaram a decisão.
- Se houve análise prévia por parte de equipes pedagógicas, conselhos de educação ou especialistas.
- E se há previsão de substituição da referida obra por outros títulos e quais critérios serão utilizados para tal seleção.
O que diz a prefeitura
“A Sedu, diante de questionamentos de pais de estudantes da rede municipal, solicitou, de forma cautelar, o recolhimento dos exemplares do referido livro das unidades escolares. O levantamento da quantidade de obras já está em andamento”, afirmou a Prefeitura de Sorocaba em nota.
A pasta acrescentou, ainda, que os exemplares foram recolhidos para apreciação da Comissão Permanente de Análise de Títulos de Livros Paradidáticos, instituída em 2021 e responsável pela avaliação de obras paradidáticas adotadas na rede municipal.