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    Tarcísio: Paulista em festa, Faria Lima em alerta (por Roberto Caminha

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    O resultado tão esperado do julgamento do Presidente Jair Bolsonaro trouxe de volta um dos grandes bordões da política mundial:

    “Na política, não existe espaço vazio; ou você ocupa ou é ocupado” e o governador de São Paulo soube completa-lo… “Caso contrário, a política não o perdoará”.

    Da velha e cansada história brasileira, vem o tal grito “Independência ou Morte” que ecoou às margens do Riacho Ipiranga e entrou para os nossos livros escolares como fundação da nação. Em 2025, Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, quase repetiu a cena – só faltou o cavalo branco de D. Pedro I. Em pleno 7 de Setembro, no coração da Avenida Paulista, Tarcísio vestiu-se de herdeiro simbólico do trono do poder político, transformando-se em personagem central de um roteiro que mistura economia, pesquisas de opinião, Donald Trump e até a temida Lei Magnitsky.

    Não é exagero: segundo pesquisa recente do Datafolha, 42% dos paulistas avaliam positivamente o governo Tarcísio, com destaque para áreas como infraestrutura e segurança. Entre os eleitores de perfil conservador, o índice sobe para 60%. No levantamento qualitativo do instituto AtlasIntel, as palavras mais associadas a Tarcísio foram “gestor”, “eficiente” e “sucessor natural”. Traduzindo: o homem não precisa nem comprar megafone e o público grita por ele. Ratinho Jr, Ronaldo Caiado, Romeu Zema, Ciro Gomes e a familia Bolsonaro já sabem que a caixa de ressonância política, no Brasil, é a Avenida Paulista. Quanto maior for a divisão, melhor será o resultado para o Mestre Lula da Silva.

    E, convenhamos, quem consegue encher a Paulista, em data simbólica, tem meio caminho andado para conquistar o Brasil. Afinal, São Paulo equivale a quase 33% do PIB (tudo aquilo que produzimos) brasileiro e a 22% do eleitorado. É como se o eleitor paulista fosse um investidor que decide se vale a pena comprar ou vender o “papel Brasil”. E, neste 7 de Setembro, a ação “Tarcísio3” fechou em alta. O Tarcísio é lógico, didático e claro como o Ministro Fux.

    Pesquisas do Ipec apontam que, sem Bolsonaro, Tarcísio herda 70% do eleitorado bolsonarista no primeiro turno. É como se fosse um fundo de investimento com liquidez imediata: os votos migram, para ele, quase que automaticamente.

    Aqui entra a parte que os investidores não querem perder de vista. A festa de Tarcísio na Paulista pode ter animado as bases, mas deixou os mercados em estado de alerta. Analistas do BTG e da XP apontaram, em relatórios, que a tensão política aumenta a volatilidade (volúvel, instável) da Bolsa. O temor maior? Que a eventual aplicação da Lei Magnitsky ao Brasil – um tipo de “palmatória global” americana – bloqueie operações financeiras de bancos acusados de conluio político.

    E sabe quem vibra com essa possibilidade? Donald Trump, o coleguinha dos Bolsonaros. O republicano já acenou, em entrevistas, que gostaria de ver aliados como Tarcísio de Freitas no poder. Afinal, um Brasil mais hostil ao Supremo e mais amigo dos EUA significa negócios mais previsíveis para multinacionais americanas. Ironia da história: D. Pedro I gritava contra Portugal; Tarcísio grita a favor de Washington. Ao final dos Contos da Carochinha, somos 250 milhões de consumidores, do turismo ao Big Mac, passando pelo iPhone. Quando que um Presidente americano deixará tantos ávidos compradores mudarem suas compras para os supermercados asiáticos? Nunquinha!

    Em economia, números falam mais que discursos: 1- PIB paulista: R$ 3 trilhões (IBGE), 2- Eleitorado: 34 milhões (TSE), 3- Aprovação de Tarcísio em São Paulo: 42% (Datafolha), 4- Eleitores bolsonaristas dispostos a votar em Tarcísio: 70% (Ipec).

    Ou seja, o governador começa a corrida com gasolina, álcool e gás suficiente para atravessar o país inteiro sem precisar de pit-stop. Se conquistar Minas, Goiás e o Sul, a eleição praticamente se resolve no primeiro turno. É o famoso “Ganha Brasil começando pela Faria Lima”. Ele ainda reza e conta com o Ministro Alexandre de Morais apoiando o nosso Presidente Lula.

    O 7 de Setembro de 2025 mostrou que Tarcísio não quer ser apenas o engenheiro que asfaltou estradas; ele quer ser o engenheiro que pavimenta o caminho da direita, rumo a 2026. Entre aplausos de empresários e gritos de “INTERDEPENDÊNCIA ou MORTE seja a nossa Divisa”, o governador ensaia a maior de todas as obras: o TGV – Transporte a Grande Velocidade, que ligará a Av. Paulista ao Palácio do Planalto.

    A dúvida que fica: será ele o condutor do cavalo branco da sucessão ou apenas o garupeiro do Bolsonaro? O cavalo deverá ser bom para carregar Rio e São Paulo na mesma sela. Seja como for, o mercado já entendeu a mensagem: quem tem São Paulo e Rio, aplaudindo, precisa de muito pouco para ganhar o Brasil. O resto é ajuste na taxa de juros – e a “farta e frenética torcida” do Trump.

     

    Roberto Caminha Filho, economista, já fez pesquisas e vê o quadro político com essa lupa.