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    Tarcísio radicaliza discurso e se projeta como “herdeiro” de Bolsonaro

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    O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), surpreendeu grande parte da classe política — e todo o Judiciário — ao radicalizar seu discurso no ato bolsonarista da Avenida Paulista, nesse domingo (7/9), e atacar, como nunca havia feito, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Alexandre de Moraes, principal algoz do bolsonarismo.

    Ao lado de Silas Malafaia, organizador da manifestação que pregava uma reação sem medo ao cerco da Justiça sobre os bolsonaristas, Tarcísio pegou emprestado alguns dos adjetivos mais usados pelo pastor, como tirano e ditador, para centrar fogo em Moraes, como há muito tempo era cobrado a fazê-lo pelos aliados de seu padrinho político, que está em prisão domiciliar e inelegível.

    15 imagensTarcísio de Freitas na Avenida PaulistaTarcísio de Freitas e Ricardo Nunes em manifestação na PaulistaManifestantes de direita se reúnem na avenida Paulista, no dia da independência do Brasil, para pedir liberdade para o ex-presidente Jair BolsonaroManifestantes de direita se reúnem na avenida Paulista, no dia da independência do Brasil, para pedir liberdade para o ex-presidente Jair BolsonaroSilas Malafaia canta o hino nacional na Avenida PaulistaFechar modal.1 de 15

    Valdemar da Costa Neto, Silas Malafaia e Tarcísio de Freitas conversam durante manifestação bolsonarista na Avenida Paulista

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    Tarcísio de Freitas na Avenida Paulista

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    Tarcísio de Freitas e Ricardo Nunes em manifestação na Paulista

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    Manifestantes de direita se reúnem na avenida Paulista, no dia da independência do Brasil, para pedir liberdade para o ex-presidente Jair Bolsonaro

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    Silas Malafaia canta o hino nacional na Avenida Paulista

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    Manifestantes de direita se reúnem na avenida Paulista, no dia da independência do Brasil, para pedir liberdade para o ex-presidente Jair Bolsonaro

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    Embora Tarcísio tenha iniciado sua fala dizendo que “só existe um candidato para nós”, referindo-se a Bolsonaro, aliados interpretaram o discurso do governador em defesa da “anistia ampla e irrestrita” e agressivo com o STF como uma fatura que precisava ser paga ao núcleo duro do bolsonarismo para que ele seja alçado ao posto de “herdeiro” político de Bolsonaro para concorrer à Presidência em 2026.

    “Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes. Ninguém aguenta mais o que está acontecendo neste país”, disse Tarcísio no auge de seu discurso. “Nós não vamos aceitar a ditadura de um Poder sobre o outro. É isso que precisamos fazer, é isso que nós precisamos defender: chega do abuso, chega!”, falou em outro momento para os mais de 40 mil manifestantes que foram à Paulista.

    Além da nova postura de Tarcísio, outros detalhes que apontam para uma passagem de bastão foi o elogio de Malafaia ao governador de São Paulo, chamado por ele de “leão” em defesa da anistia, e a indireta do pastor, que tem enorme influência no bolsonarismo, ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho 03 do ex-presidente que está autoexilado nos Estados Unidos.

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    Em seu discurso, Malafaia afirmou que ninguém deve se colocar como candidato no lugar de Bolsonaro, mesmo com o ex-presidente inelegível até 2030 — Eduardo declarou em entrevista ao Metrópoles que pretende ser o candidato da direita caso a inelegibilidade do pai seja mantida —, e excluiu o deputado da lista de “interlocutores” de Bolsonaro encarregados de transmitir as mensagens do ex-presidente.

    Malafaia mencionou como interlocutores apenas a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, única integrante da família presente no ato da Paulista, e dois outros filhos do ex-presidente: o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ).

    Preferido do Centrão e do mercado

     

    Tarcísio tem sido apontado como o nome preferido do mercado financeiro e do Centrão para concorrer ao Palácio do Planalto no ano que vem contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O governador também aparece como o político de direita com melhor desempenho nas pesquisas de intenção de voto, chegando a ficar tecnicamente empatado com o petista nas simulações de primeiro turno.

    A expectativa é que Tarcísio saia candidato a presidente pelo PL, e não pelo Republicanos, seu atual partido, e traga consigo apoio de grandes legendas, como União Brasil e Progressistas (PP), que anunciaram recentemente o desembarque do governo Lula. O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), e Michelle Bolsonaro são cotados como vice em uma eventual chapa encabeçada por Tarcísio.

    No meio político, especula-se que esse movimento seja intensificado após a provável condenador de Bolsonaro no STF. O julgamento do ex-presidente e outros sete réus por tentativa de golpe de Estado será retomado nesta terça-feira (9/9) na Primeira Turma do Supremo, e deve ser concluído até o fim da semana com as sentenças.

    Toda essa articulação de Tarcísio já fez com que ele se tornasse um dos alvos preferenciais dos ataques da esquerda. Nesse domingo, aliados do presidente Lula, incluindo ministros, chamaram o governador de “canalha”, “golpista” e “vagabundo” na manifestação contra a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro e em defesa da soberania nacional.