A possível ausência do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) na disputa ao Senado em 2026 por São Paulo tem gerado, nos bastidores, uma corrida entre aliados do clã pela benção do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A avaliação do grupo político no entorno do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) é de que Eduardo dificilmente voltará ao Brasil para disputar a eleição pelo risco de ser preso no âmbito do processo aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) que apura a prática de coação e obstrução de Justiça devido à atuação do “filho 03” nos Estados Unidos.
Como a eleição do próximo ano vai renovar dois terços do Senado, a direita busca por um segundo nome competitivo para a disputa das vagas de São Paulo, já que o atual secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, é tido, neste momento, como praticamente certo para a candidatura.
A escolha será de Bolsonaro
Aliados afirmam que Bolsonaro tem sinalizado que o nome que substituirá o filho na disputa será uma escolha dele. O ex-presidente tem no Senado o principal foco em 2026, uma vez que uma maioria na Casa poderia gerar pressão para aberturas de pedidos de impeachment contra ministros do STF.
Além da escolha do ex-presidente, também pesará na costura o destino de Tarcísio. Caso ele deixe o governo paulista para tentar o Palácio do Planalto, a escolha da chapa que disputará a sucessão com o apoio do governador deve condicionar a montagem do quadro de candidaturas da direita também ao Senado, seguindo a lógica de “divisão” entre os partidos.
Nas últimas semanas, o ex-presidente recebeu visitas de diversos aliados, entre eles do vice-prefeito de São Paulo, Mello Araújo (PL), e do deputado estadual Tomé Abduch (Republicanos). A presença de ambos alimentou nos bastidores especulações de que Bolsonaro os enxerga como possíveis candidatos.
Ao Metrópoles, Mello, que tem uma relação de amizade com Bolsonaro, negou que eles tenham conversado sobre o tema. “Não entrei neste assunto. Fui lá para animá-lo. Vou puxar os 4 anos ao lado do Ricardo [Nunes, prefeito de São Paulo]”, disse.
Outro nome citado é o de Renato Bolsonaro, irmão de Jair que, em 2024, tentou e perdeu a eleição para a prefeitura de Registro, no interior paulista. A interlocutores, Renato tem afirmado que será candidato a deputado federal. Por ser familiar, no entanto, ele é visto como um possível escolhido pelo irmão a representar o sobrenome no lugar de Eduardo na disputa pelo Senado.
O ex-governador Rodrigo Garcia também é lembrado por aliados do grupo. Com interlocução com Tarcísio, Garcia tem se mexido para tentar se candidatar em 2026 — não necessariamente ao Senado — e busca um partido após ter deixado o PSDB no ano passado.
Embora tenha simpatia de Bolsonaro pelo apoio dado a ele e a Tarcísio no segundo turno de 2022, bolsonaristas enxergam Rodrigo Garcia como um representante da “velha política”.
Correm por fora, ainda, nomes como do deputado federal Cezinha de Madureira (PSD) e dos deputados estaduais Rosana Valle e Gil Diniz, ambos do PL. Este último, inclusive, foi citado pelo próprio Eduardo Bolsonaro como uma opção, ao lado de Derrite e do deputado federal Marco Feliciano (PL).
“Se eu não puder me candidatar e a gente tiver a possibilidade de ter eleições no ano que vem [2026], o que eu acho muito difícil, existem nomes bons na política de espectro mais à direita: tem o deputado estadual Gil Diniz [PL-SP], o secretário [de Segurança Pública de SP] Derrite, o deputado Marco Feliciano [PL-SP]. Mas isso está em aberto”, afirmou no mês passado à coluna de Paulo Cappelli.
Ainda no campo da direita, o ex-ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro e atual deputado federal pelo Novo, Ricardo Salles, tem afirmado publicamente que será candidato ao Senado.
O partido dele, no entanto, não compõe o arco de alianças que se formou em torno de Tarcísio em São Paulo e que conta com, além do PL, o Republicanos, a federação União Brasil-PP, o PSD, o MDB e o Podemos. Caso Tarcísio saia para disputar a Presidência da República, Salles afirma que será candidato ao Governo de São Paulo.
Já pelo lado da esquerda, aparecem como possíveis candidatos ao Senado o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), o ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB), e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).