Por muito tempo, viver em Vicente Pires significava enfrentar um cotidiano marcado por improviso e dificuldades. A cidade, que era inicialmente um setor habitacional de chácaras, nasceu de forma desordenada, sem planejamento urbano.
Assim, acumulou por décadas os efeitos da ocupação irregular: ruas de terra, alagamentos constantes, lama que impedia a passagem de carros e pedestres, poeira que invadia as casas na seca, muros que desmoronavam após chuvas fortes e um comércio limitado pela precariedade.
Quem morava ali tinha a sensação de viver em uma cidade à margem do DF, com infraestrutura mínima e pouca perspectiva de mudança. “Na época de chuvas, era um caos. Na seca, um poeirão sem fim. A rotina era sempre interrompida”, resumiu Gustavo Guedes, gerente de um comércio local.
Esse cenário, no entanto, começou a mudar a partir de 2019, quando o governo do Distrito Federal, por meio da Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap) e da Secretaria de Obras, iniciou o maior programa de urbanização já promovido em Vicente Pires.
Desde então, já foram aplicados mais de R$ 500 milhões na região, transformando radicalmente a paisagem e o cotidiano da população.
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Antes das obras: cratera engoliu caminhonete
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Antes das obras: alagamentos por toda parte
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Antes das obras: alagamentos por toda parte
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Antes das obras: alagamentos por toda parte
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Antes das obras: alagamentos por toda parte
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Antes das obras: motociclistas enfrentam dificuldades para atravessar a rua
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Antes das obras: nem mesmo carro-forte superava facilmente os transtornos
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Antes das obras: veículos constantemente quebravam em meio aos alagamentos
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Antes das obras: alagamentos por toda parte
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Trechos 1 e 2 de Vicente Pires receberam pavimentação e drenagem, encerrando décadas de lama e poeira
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Depois das obras: Vicente Pires com ruas asfaltadas, calçadas largas e quarteirões organizados
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Depois das obras: Avenida da Misericórdia ganhou calçadas acessíveis e mais de 12 km de drenagem pluvial
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Depois das obras: na altura da Feira do Produtor, o fluxo intenso agora é acompanhado por nova pavimentação
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Área próxima ao Jockey mostra expansão urbana com vias asfaltadas e drenagem
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Na altura da Feira do Produtor, o fluxo intenso agora é acompanhado por nova pavimentação
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Depois das obras: via dupla com calçadas acessíveis, sinalização nova e postes de iluminação modernos
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Depois das obras: Vicente Pires com ruas asfaltadas, calçadas largas e quarteirões organizados
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Depois das obras: Vicente Pires com ruas asfaltadas, calçadas largas e quarteirões organizados
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Depois das obras: Vicente Pires com ruas asfaltadas, calçadas largas e quarteirões organizados
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Comércio local floresceu na Rua 3 após pavimentação e alargamento das vias
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Depois das obras: Vicente Pires com ruas asfaltadas, calçadas largas e quarteirões organizados
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Depois das obras: Vicente Pires com ruas asfaltadas, calçadas largas e quarteirões organizados
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Mais do que asfalto novo e calçadas, a chegada da regularização fundiária conduzida pela Terracap trouxe o que talvez fosse o maior sonho da maioria: a segurança de ter a escritura do próprio imóvel em mãos. Uma mudança que não é apenas burocrática, mas que representa dignidade, pertencimento e futuro.
Vicente Pires antes das obras
Vicente Pires após as obras
Obras que mudaram a realidade
O pacote de investimentos contempla pavimentação de ruas e passeios, implantação de meios-fios, redes de drenagem pluvial, sinalização horizontal e vertical, nova iluminação pública e construção de lagoas de detenção para conter enchentes.
Os números impressionam: ao todo, já foram entregues 110 km de calçadas, 130 km de vias asfaltadas, 128 km de drenagem pluvial e 260 km de meios-fios. Obras que não apenas reduziram enchentes e erosões, mas também abriram caminho para a valorização imobiliária e a expansão do comércio.
O Lote 2, que teve as obras iniciadas em abril de 2024, é um dos exemplos mais recentes. Com investimento de quase R$ 60 milhões, abrange a Colônia Agrícola Samambaia e prevê drenagem pluvial, pavimentação asfáltica, meios-fios, calçadas, bocas de lobo, sinalização e iluminação.
Só na Avenida da Misericórdia já foram construídos mais de 800 m² de calçadas acessíveis, parte de um projeto que inclui 83 mil m² de pavimentação urbana e 12 km de drenagem.
Vicente Pires, vista de cima, atualmente
“Antes era sobrevivência, hoje é vida”
Para quem viveu os anos mais difíceis, a transformação é evidente. Daniele Maroneze, 37 anos, mora em Vicente Pires desde 2004 e lembra como era complicado se locomover antes da pavimentação.
“Quando chovia forte, ficávamos ilhados dentro de casa. Minha fisioterapeuta chegou a cancelar varias sessões porque não tinha como vir. Na época da poeira, também era insuportável. Hoje, isso mudou muito. O barro e os alagamentos deixaram de ser um pesadelo. Minha qualidade de vida melhorou bastante”, conta.
Daniele Maroneze lembra como era complicado se locomover antes das obras
Gustavo Guedes também recorda de quando percorria as ruas de lama vendendo brigadeiros para pagar a faculdade.
“Tinha dias que eu precisava levar roupa extra na mochila. Se chovia, a água batia no joelho. Era um sufoco. Quando não era lama, era poeira. Cheguei a pedir carona em uma escavadeira para atravessar a enxurrada sem perder as vendas”, ressalta. Hoje, ele administra uma hamburgueria na Rua 3.
“A Rua 3, que antes era evitada, hoje é uma das mais movimentadas de Vicente Pires. O comércio floresceu porque as pessoas voltaram a circular com segurança. A pavimentação, a drenagem e o alargamento das vias mudaram tudo. Para quem vive do comércio, foi um divisor de águas.”
Gustavo Guedes, gerente de uma hamburgueria
A evolução que ele viveu é a mesma que levou Vicente Pires a atrair novos negócios, gerar empregos e se tornar polo econômico. A mudança não foi apenas física, mas de perspectiva: moradores e comerciantes passaram a acreditar no potencial da região.
Segurança jurídica
Segundo o presidente da Terracap, Izídio Santos Júnior, a transformação de Vicente Pires representa um dos maiores desafios enfrentados pela empresa.
“Era uma área de chácaras, ocupada de forma desordenada, sem nenhum planejamento. Implantar infraestrutura em uma cidade já construída e habitada foi extremamente complexo. Mas, conseguimos, em parceria com a Secretaria de Obras e outros órgãos, avançar para mudar essa realidade”, afirma.
A região foi dividida em quatro trechos. Nos Trechos 1 e 3, 0 processo de regularização está quase concluído: moradores e comerciantes receberam as escrituras e vivem hoje em um ambiente mais seguro e valorizado. O trecho 2 passou recentemente ao patrimônio da Terracap e deve ter os primeiros editais lançados ainda neste ano.
A Terracap reforça que todas as informações oficiais sobre a regularização de imóveis em Vicente Pires estão disponíveis apenas nos canais oficiais da empresa.
Buscar em outras fontes pode colocar o morador em risco de perder o imóvel, já que, sem adesão a um dos três editais de chamamento, os lotes podem ir a leilão pelo valor da terra nua sem direito de preferência.
“O próximo passo é entregar a escritura para todas as famílias. Isso significa garantir segurança jurídica, valorização do imóvel e a chance de planejar o futuro. É um processo que começou como um grande desafio e hoje se tornou uma grande realização”, destaca Izídio.
“O cadastramento do Trecho 2 já foi feito. São mais de 13 mil imóveis que vão entrar em edital por etapas. Quem aderir logo terá descontos significativos, como 25% para pagamento à vista. É uma oportunidade única de conquistar definitivamente o lote onde já construiu a vida.”
Izídio Santos Júnior, presidente da Terracap
Izídio frisa ainda que os recursos arrecadados retornam à própria comunidade. “Todo valor da venda direta volta em forma de obras. Só em Vicente Pires já investimos mais de R$ 500 milhões. É um ciclo virtuoso: a regularização garante a escritura para o morador e gera infraestrutura que melhora a cidade.”
Um modelo replicável
A trajetória de Vicente Pires é também um retrato do que significa viver sem regularização: insegurança, falta de infraestrutura e ausência de políticas públicas estruturadas.
A titulação dos imóveis muda esse cenário, garantindo que cada morador tenha, de fato, um endereço reconhecido, um patrimônio protegido e acesso pleno a serviços urbanos.
O processo de Vicente Pires inspira outros casos no DF. Experiências semelhantes já foram aplicadas em Arniqueiras, Jardim Botânico e diversas outras regiões, sempre combinando urbanização com regularização.
Para a Terracap, trata-se de um modelo de política pública que alia infraestrutura, legalidade e desenvolvimento econômico.
“Vicente Pires é maior do que muitas cidades brasileiras, com cerca de 100 mil habitantes. Regularizar e urbanizar uma região desse porte foi um grande desafio, mas hoje é motivo de orgulho. Mostramos que é possível transformar desordem em cidade planejada”, pondera Izídio.
Ruas de terra eram a realidade em Vicente Pires antes das obras
Mais informações podem ser obtidas por meio dos canais de atendimento da Terracap, no call center (61) 3350-2222, ou pelo atendimento remoto, por meio do chat on-line.