O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta terça-feira (16/9) que está disposto a se reunir com Vladimir Putin e Donald Trump sem pré-condições, mas descartou que o encontro ocorra em Moscou. A declaração foi dada em entrevista à emissora britânica Sky News, em meio à escalada das tensões no conflito.
“Estou pronto para me encontrar com Trump e Putin sem pré-condições. Mas não em Moscou.”
Zelensky disse estar decepcionado com a lentidão do Ocidente na imposição de novas sanções à Rússia e pediu urgência. “Putin está claramente tentando enganar os EUA. Ele está fazendo todo o possível para evitar sanções e atrasar sua implementação. Qualquer adiamento permite que a Rússia se prepare melhor”, criticou.
O presidente ucraniano também lançou ataques a Donald Trump, acusando-o de “ajudar Putin a escapar do isolamento” e exigindo uma posição clara sobre medidas restritivas e garantias de segurança para Kiev.
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Negociações em impasse
As declarações ocorrem em um momento em que Moscou reconhece que as negociações para encerrar a guerra estão “pausadas”. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou na sexta-feira (12/9) que não se deve esperar “resultados rápidos” e acusou aliados europeus da Ucrânia de dificultarem avanços.
Apesar da promessa de Trump de conseguir um cessar-fogo em pouco tempo, até mesmo o ex-presidente dos EUA admitiu recentemente que está “ficando sem paciência” com a falta de progresso entre os dois lados.
Escalada e pressões externas
A tensão aumentou na última semana após drones russos invadirem o espaço aéreo da Polônia, forçando a Otan a reagir com o abate das aeronaves. O incidente, considerado deliberado por Varsóvia, acentuou temores de alastramento do conflito.
Paralelamente, países como França e Reino Unido articulam o envio de uma força internacional de monitoramento em caso de cessar-fogo, proposta rejeitada por Moscou. A Rússia insiste que a neutralidade da Ucrânia e o futuro do Donbass sejam condições indispensáveis para qualquer acordo.
“Que venha a Moscou”, disse Putin
Putin, por sua vez, declarou em agosto, estar pronto para receber Zelensky em Moscou, desde que a reunião produza “resultados tangíveis”. O líder russo, no entanto, reafirmou que a ofensiva militar seguirá caso suas exigências não sejam atendidas.
O ucraniano rejeitou a ideia: “A proposta de minha ida a Moscou mostra que a Rússia não quer que o encontro aconteça”, rebateu.
A possibilidade de uma reunião direta entre Putin e Zelensky havia sido cogitada após a cúpula entre Trump e o presidente russo no Alasca. Mas, diante das condições impostas por Moscou e das divergências em torno de sanções e garantias de segurança, a expectativa por um encontro permanece distante.
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