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A violência do europeu (por Ricardo Guedes)

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A violência do europeu (por Ricardo Guedes)

Jared Diamond, em “Guns, Germs and Steel” (1997), descreve as causas do desenvolvimento da Europa e o porquê da violência do Europeu. Jared Diamond, na década de 1990, então proveniente das Ciências Biológicas; e Thomas Kuhn, com o seu livro “The Structure of Scientific Revolutions” (1962), na década de 1960, então proveniente das Ciências Físicas, assim como outros; trazem novos enfoques às Ciências Sociais, em notáveis contribuições.

Jared Diamond, tendo ido em 1972 observar pássaros na Nova Guiné para a elaboração de árvores genealógicas, ao andar com Yali, da Nova Guiné, por uma praia, foi perguntado: “Poque vocês, o povo branco, desenvolvem tanto ‘cargo’?” “Cargo” era o termo utilizado pelos habitantes da Nova Guiné para denominar “produtos”, uma vez que nos navios vinha sempre escrito “Cargo”.

A Europa se desenvolveu antes dos outros continentes por três razões. Primeiro, na Europa haviam grãos e animais domesticáveis, como base alimentar para a população. Segundo, a Europa tem menor distância norte-sul do que os outros continentes, como a Ásia, África, América do Norte e América do Sul; com maiores dificuldades para as suas populações migrarem de temperaturas mais frias para as mais quentes durante o inverno; e vice-versa. Terceiro, na maior incidência de germes e doenças do que em outros continentes; e na presença de jazidas de ferro; o Europeu, sem poder escapar às intempéries do tempo e da doença, criou armas e lutou, na busca da sobrevivência; na produção de “cargo”; ou, no que assim percebemos, como na busca da “racionalidade”. O Europeu ficou violento mais do que os povos dos outros continentes.

Se considerarmos o número de mortos em guerras, pelos séculos pelos continentes, é nítida a proeminência Europeia neste indicador. No século XX, por exemplo, com as duas Guerras Mundiais (que, em verdade, foram Guerras Europeias), e demais guerras, o número de mortos na Europa chega a 100 milhões, na Ásia 20 milhões, nos outros continentes em números menores. Em alguns séculos, o número de mortos em guerras na Ásia foi superior ao Europeu, mas, na média, a Europa prevalece.

Lembrando que boa parte das guerras na Ásia, e em outros continentes, foram guerras Europeias, como Alexandre “O Grande” indo para o Oriente, o Império Romano, as Cruzadas, a conquista das Colônias, as guerras na Ásia, as Guerras Mundiais, a extensão das guerras ao Oriente Médio e à África. O mapa assim mostra.

E assim, somos todos produto da Europa e de suas guerras, que não se acalmam até hoje, com consequências sobre todos nós.

“God save the King!”

Ricardo Guedes é formado em Física pela UFRJ e Ph.D. em Ciência Políticas pela Universidade de Chicago. Autor do livro “Economia, Guerra e Pandemia: a Era da Desesperança”

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