Quem tem pets em casa sabe que o comportamento deles muda com o tempo. Assim como os humanos, os animais também passam por transformações físicas e emocionais ao envelhecer, e isso pode incluir um certo mau humor.
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Um estudo da Universidade de Leeds, conduzido pelo Dr. Josh Firth e publicado no Philosophical Transactions of the Royal Societyrecentes, indica que o envelhecimento está ligado a uma diminuição natural das interações sociais entre os animais, fenômeno semelhante ao observado em humanos.
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O estudo analisou mais de 150 espécies, incluindo pardais, cervos e macacos, e constatou que esses animais tendem a se isolar gradualmente à medida que envelhecem. Essa mudança comportamental parece ser um padrão comum entre diversas espécies.
De acordo com o Dr. Firth, esse comportamento pode ser entendido como um mecanismo natural de sobrevivência, o que auxilia na preservação da saúde dos indivíduos mais velhos.
O doutor em ciência animal Bruno Divino explica que o envelhecimento pode desencadear transformações sutis, mas significativas, no comportamento dos bichos.
“Essas alterações podem ser indicativas de doenças subjacentes, como dor crônica e redução dos sentidos, ou uma redução cognitiva, frequentemente associada à Síndrome de Disfunção Cognitiva (SDC), doença semelhante ao Alzheimer no homem”, explica.
Mudanças que podem preocupar
Entre os sinais mais comuns, está a perda de interesse por brincadeiras ou interações que faziam parte da rotina. “O animal pode se tornar mais irritável ou agressivo em situações habituais”, salienta Bruno.

Outro comportamento frequente é a desorientação. O pet pode se confundir dentro de casa, parar no meio de um cômodo sem motivo ou tentar sair pelo lado errado da porta.
A ansiedade também tende a aumentar, especialmente quando o animal fica sozinho. Em alguns casos, há alteração nos hábitos de sono ou até aumento de vocalização. Gatos, por exemplo, podem miar mais alto e com maior frequência durante a noite.
O que pode afetar o humor?
A principal causa por trás do “mau humor” dos pets idosos não é apenas o envelhecimento em si. Segundo o especialista, a dor crônica costuma ser a grande vilã.
“A principal razão pela qual cães e gatos idosos se tornam menos tolerantes ou sociáveis não é puramente o envelhecimento, mas estar associado à presença de dor crônica, que é frequentemente subdiagnosticada e confundida com a idade”, afirma.
O desconforto constante pode fazer com que o animal evite contato, especialmente quando há sensibilidade em determinadas áreas do corpo. “A dor, mesmo que sutil, pode fazer com que o animal desenvolva agressividade ou isole-se para evitar o contato.”
Além disso, a perda de visão, audição ou olfato também interfere no comportamento. “Um animal que não consegue ver ou ouvir bem pode ser facilmente assustado por estímulos que não consegue localizar ou antecipar, resultando em um aumento de ansiedade e medos inespecíficos.”
Como cuidar de um pet idoso
A boa notícia é que é possível garantir mais conforto e qualidade de vida aos bichos nessa fase. Consultas regulares ao veterinário e pequenas adaptações em casa fazem diferença.
O profissional recomenda visitas de rotina. “A cada 6 a 12 meses, para avaliação de dor e pesquisa das doenças mais comuns na senilidade, como doenças renais e cardíacas.”
Rampas, tapetes antiderrapantes e rotinas que seguem uma constância ajudam a manter o animal seguro e tranquilo.
“Outro cuidado importante é a adoção de uma rotina previsível para reduzir a ansiedade em animais com disfunção cognitiva ou perda sensorial, contribuindo para uma melhor qualidade de vida”, destaca.
Mesmo antes da velhice, algumas práticas podem prevenir um comportamento mais rabugento. Bruno Divino finaliza explicando que a estratégia é manter cuidados de saúde e comportamentais contínuos, iniciados desde a juventude.