Após polêmica em entrevista e troca de farpas com o governador Ronaldo Caiado (União-GO), o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), pediu ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para visitar Jair Bolsonaro (PL), em prisão domiciliar.
Ciro ressalta no pedido que “exerceu o cargo de ministro-chefe da Casa Civil no governo do ex-presidente da República Sr. Jair Messias Bolsonaro, bem como são amigos pessoais de longa data”. Assim, pede a Moraes para ir à casa de Bolsonaro, em Brasília, nesta quarta-feira (8/10) ou, alternativamente, na quinta-feira (9/10).
Nesse domingo (5/10), a disputa interna na federação União Progressista veio à tona. Pré-candidato à Presidência em 2026, Caiado afirmou que Ciro tenta forçar um apoio Bolsonaro ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), por interesse particular em ser o vice de uma eventual chapa com o gestor paulista.
“A ansiedade de Ciro Nogueira em se colocar como candidato a vice-presidente do governador Tarcísio é vergonhosa, e algo tão gritante que ele já se coloca como porta-voz do presidente Bolsonaro, o que ele não é”, afirmou Caiado no X.
O governador de Goiás prosseguiu: “Se Bolsonaro quiser escolher um porta-voz, certamente será um de seus filhos ou sua esposa, Michelle. Não o Ciro Nogueira, senador de inexpressiva presença nacional, que um dia já jurou amor eterno ao Lula”.
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Em entrevista ao jornal O Globo, Ciro afirmou que o ex-presidente só teria duas alternativas: apoiar Tarcísio de Freitas ou o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD).
“Fica visível que Ciro tenta decidir por Bolsonaro quais deveriam ser os candidatos a presidente, colocando Tarcísio como preferido e o governador Ratinho como reserva”, comentou Caiado.
Logo depois, Nogueira rebateu o goiano, dizendo que o governador deve estar com tempo livre. “Vi a postagem do governador Ronaldo Caiado sobre minha entrevista. Me chamou a atenção a enormidade do tamanho. Deve estar com tempo livre. Eu, não. Sobretudo para polêmicas vazias. Nosso adversário é Lula. Caiado, pode falar qualquer coisa: você está certo. Satisfeito?”, escreveu o senador em sua conta no X.
Inelegível
Bolsonaro está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e condenado no Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e 3 meses de prisão devido a uma trama golpista. Dessa forma, o ex-presidente vem sendo aconselhado a escolher um sucessor, sob pena de não ter decisão sobre o herdeiro do seu espólio político no campo da direita.
Tarcísio de Freitas é cotado como candidato à Presidência, mas tem feito recuo tático. Disse que concorrerá à reeleição em São Paulo após sucessivos revezes. Dessa forma, restam 5 pré-candidatos: o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e os governadores Romeu Zema (Novo-MG) e Eduardo Leite (PSD-RS), além dos já citados Ronaldo Caiado e Ratinho Júnior.
Caiado afirmou que respeitará a decisão de Bolsonaro, mas pontuou que apoiou o ex-presidente na sua primeira eleição, em 2018, quando Ciro resistia ao então candidato. O governador goiano ainda atacou o novo colega de federação sobre sua performance eleitoral.
Correligionários
Com a federação entre União Brasil e PP, Caiado e Ciro se tornaram quase que colegas de partido. Nesse tipo de aliança, as legendas passam a funcionar eleitoralmente como uma só por, no mínimo, quatro anos.
O acordo para a federação ocorreu na esteira de um esforço dos partidos, até então classificados como expoentes do chamado “Centrão”, de adquirir identidade ideológica. E isso passa pelo lançamento ou apoio de uma candidatura de direita para concorrer contra o presidente Lula (PT) em 2026.