Auditores do Primeiro Comando da Capital (PCC) controlam o balanço do caixa e o abastecimento de drogas em biqueiras da facção por meio de grupos no WhatsApp, como mostra inquérito policial obtido pelo Metrópoles.
Funcionando como empresas, os pontos de vendas de drogas têm hierarquia de cargos, sistema de monitoramento com câmeras de segurança e até mesmo gestão de recursos humanos.
A reportagem teve acesso a mensagens privadas veiculadas em um grupo de WhatsApp, trocadas entre março e abril deste ano (veja abaixo). No canal, estavam traficantes responsáveis pela gestão — cargo batizado pela polícia de “auditor” — de uma biqueira na Cidade Tiradentes, no extremo leste de São Paulo.
Grupo de WhatsApp no qual traficantes do PCC gerenciavam biqueira na zona leste de São Paulo
Polícia Civil de São Paulo
Grupo de WhatsApp no qual traficantes do PCC gerenciavam biqueira na zona leste de São Paulo
Polícia Civil de São Paulo
Grupo de WhatsApp no qual traficantes do PCC gerenciavam biqueira na zona leste de São Paulo
Polícia Civil de São Paulo
Grupo de WhatsApp no qual traficantes do PCC gerenciavam biqueira na zona leste de São Paulo
Polícia Civil de São Paulo
Grupo de WhatsApp no qual traficantes do PCC gerenciavam biqueira na zona leste de São Paulo
Polícia Civil de São Paulo
Grupo de WhatsApp no qual traficantes do PCC gerenciavam biqueira na zona leste de São Paulo
Polícia Civil de São Paulo
Grupo de WhatsApp no qual traficantes do PCC gerenciavam biqueira na zona leste de São Paulo
Polícia Civil de São Paulo
Grupo de WhatsApp no qual traficantes do PCC gerenciavam biqueira na zona leste de São Paulo
Polícia Civil de São Paulo
Grupo de WhatsApp no qual traficantes do PCC gerenciavam biqueira na zona leste de São Paulo
Polícia Civil de São Paulo
Divisão de tarefas
Atualmente presos em diferentes unidades prisionais de São Paulo, os criminosos se dividiam em cargos específicos.
- Patrão/chefe: cargo dividido entre Paulo Sérgio Gomes da Silva, vulgo I30, e Sidney Almeida Silva Junior, vulgo Nego Boy. Eles eram responsáveis por gerenciar os cargos subalternos e costumavam cobrar eficiência de cada um dos encarregados.
- Gerente: Marcelo Rodrigues Gomes, vulgo Marcelo Bleyd. Faz o controle logístico, apontando a necessidade de recolher os valores arrecadados e de abastecer as biqueiras com drogas.
- Responsável do dia: Wellington Azevedo Crispim, vulgo Bolinha, Douglas Gregório dos Santos, vulgo Neblina, Daniel Martins Adão, vulgo Sagat. Encarregados pelo funcionamento da “loja” em um período ou turno específico.
- Recolhe: João Victor Ferreira Souza, vulgo Reco ou JV. Responsável pela coleta de dinheiro e pelos registros financeiros.
- Abastece: Bruno Nunes Crispim, vulgo Memé. Responsável por abastecer a biqueira com drogas.
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Pressa nas atividades
A troca de mensagens entre os criminosos mostra a divisão de tarefas na prática e a necessidade de que todas as etapas sejam realizadas com rapidez e discrição. O recolhe, por exemplo, é diversas vezes cobrado pelos chefes para que não haja demora na retirada do dinheiro da biqueira, o que poderia causar perdas significativas para a facção em caso de abordagens policiais.
Em um dos áudios interceptados pela polícia, um dos criminosos exige que o recolhe se apresse para retirar o montante arrecadado pelo ponto de tráfico de drogas. “Cola, cola, aê, entendeu, mano, tá passando várias viaturas aqui e nóis tá cheio de dinheiro, hein, mano”, disse um dos integrantes em áudio.
Em outro, Bolinha chega a reclamar com os comparsas sobre as tentativas de contato que recebeu enquanto tentava fugir da polícia. “Tô dando fuga e cê tá ligando pra mim, truta”, disse.
Ouça os áudios obtidos pelo Metrópoles:
Operação Auditoria
- A Operação Auditoria, deflagrada na terça (21/10), cumpriu 17 de 38 mandados de prisão preventiva expedidos pela Justiça, além de 110 mandados de busca e apreensão. Com isso, 21 suspeitos seguem foragidos.
- Os presos não incluem os suspeitos citados nesta matéria. Estes foram detidos entre maio e setembro deste ano. Os alvos da Operação Auditoria não tiveram a identidade revelada.
- A ação ocorreu nas periferias do extremo leste de São Paulo e em cidades da região metropolitana, como Guarulhos, Itaquaquecetuba, Ferraz de Vasconcelos, Suzano e Mogi das Cruzes.
- Os 240 agentes escalados para a operação miraram ao menos 84 pontos de vendas de drogas nos municípios mencionados.
- Foram apreendidas porções de drogas, celulares, dinheiro em espécie, documentos e cadernos com informações sobre a contabilidade do tráfico.
- As autoridades policiais não estimaram quanto de droga e dinheiro foi apreendido, destacando que a ação de terça teve o foco em desmantelar o esquema criminoso.
Conversas de auditores do PCC interceptadas pela polícia de SP
Divulgação/DHPP
Conversas de auditores do PCC interceptadas pela polícia de SP
Divulgação/DHPP
Conversas de auditores do PCC interceptadas pela polícia de SP
Divulgação/DHPP
Conversas de auditores do PCC interceptadas pela polícia de SP
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Conversas de auditores do PCC interceptadas pela polícia de SP
Divulgação/DHPP
Conversas de auditores do PCC interceptadas pela polícia de SP
Divulgação/DHPP
Coletiva sobre auditores do PCC no DHPP
Milena Vogado/Metrópoles