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    Banco Central da Argentina vende US$ 45,5 milhões para manter o câmbio

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    O Banco Central da Argentina informou nessa terça-feira (21/10) que vendeu US$ 45,5 milhões (o equivalente a R$ 244,9 milhões, pela cotação atual) com o objetivo de sustentar a taxa de câmbio no país, depois de o peso argentino ter atingido o limite superior da banda flutuante definida pela autoridade monetária.

    A intervenção do BC acontece em um momento de forte incerteza e turbulência no mercado, às vésperas das eleições legislativas marcadas para o próximo domingo.

    O partido do presidente da Argentina, o ultraliberal Javier Milei, busca assegurar mais cadeiras no Congresso, em meio ao avanço da oposição. Atualmente, Milei não tem maioria em nenhuma das Casas legislativas.

    Entenda

    Desde abril deste ano, o BC da Argentina vem mantendo o peso em uma banda controlada e, ocasionalmente, intervém para manter a taxa de câmbio dentro dessa faixa.

    Na terça-feira, esse patamar estava em 938,33 pesos por dólar (para a compra) e 1.491,07 pesos por dólar (para a venda).

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    Depois da atuação da autoridade monetária, nessa terça, as reservas internacionais do BC ficaram em US$ 40,539 bilhões.

    A pressão cambial e as tensões pré-eleitorais na Argentina levaram o peso a fechar em queda de 0,7%, cotado a 1.490,5 por dólar, na terça-feira.

    Ajuda dos EUA

    No início da semana, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos e o Banco Central da Argentina formalizaram um acordo de estabilização cambial de US$ 20 bilhões.

    A intervenção do governo norte-americano para comprar pesos argentinos já havia sido anunciada na semana passada pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent. Agora os termos da parceria foram formalizados e comunicados oficialmente.

    De acordo com o BC da Argentina, o acordo com os EUA tem o objetivo de “contribuir para a estabilidade macroeconômica” do país sul-americano, de modo a “preservar a estabilidade de preços e promover um crescimento econômico sustentável”.

    Na semana passada, o Ministério das Relações Exteriores da Argentina já havia informado que o principal ponto da agenda entre os dois países neste momento seria a criação de uma “linha de swap” – mecanismo que permite a troca temporária de moedas entre bancos centrais para fornecer liquidez em dólares e estabilizar o câmbio.

    Um “swap de blue chips” é uma operação financeira internacional por meio da qual um investidor compra ativos locais em determinado mercado (no caso, o argentino) e os vende no exterior para obter moedas fortes, como o dólar, a uma taxa de câmbio mais vantajosa do que a oficial.

    O documento divulgado pela autoridade monetária argentina estabelece as bases para operações bilaterais de “swap” de moedas, o que permitirá ao BC do país “ampliar o conjunto de instrumentos de política monetária e cambial disponíveis”.

    Ainda segundo o comunicado divulgado pelo BC da Argentina e pelo Tesouro dos EUA, o acordo “faz parte de uma estratégia integral que reforça a política monetária da Argentina e fortalece a capacidade do Banco Central para responder a condições que possam derivar em episódios de volatilidade nos mercados cambial e de capitais”.

    Apoio de Trump e crise política

    Na semana passada, o presidente dos EUA, Donald Trump, recebeu o líder argentino Javier Milei em uma reunião na Casa Branca e deixou claro que não poupará esforços para estabilizar a economia argentina e fortalecer o atual governo, que enfrentará uma dura disputa nas eleições legislativas do país, marcadas para o próximo fim de semana.

    “Se ele [Milei] perder, não seremos generosos com a Argentina. Nossos acordos estão sujeitos a quem vencer a eleição. Porque, com um socialista, fazer investimentos é muito diferente”, disse Trump.

    Em setembro, nas eleições de Buenos Aires, a Força Nacional, coalizão peronista que faz oposição a Milei, venceu a disputa com cerca de 41%, ante 34% do partido La Libertad Avanza, do atual presidente.

    Além da questão econômica, o governo argentino vem sendo pressionado por escândalos políticos. A irmã do presidente, Karina Milei, que é secretária-geral da Presidência, está envolvida em denúncias de corrupção.